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Poucas situações traduzem tão bem nossa condição humana, como a certeza da morte. Ela é tão democrática que atinge o mais poderoso dos homens da mesma forma que o faz com o mais humilde dos seus semelhantes. Excelente atendimento médico e os mais avançados medicamentos podem, no máximo, postergar alguns dias o evento comum a quem foi dado existir. Isso, se os excessos proporcionados por uma vida economicamente rica não tenham reduzido a expectativa de vida destinada aos que tiveram uma existência mais amena e tranquila. Esta condição mortal deveria proporcionar uma convivência muito mais fraternal do que a vivenciada cotidianamente e ao longo da história da humanidade. A certeza de nossa finitude certamente deveria nos fazer mais preocupados com nossas ações e com as consequências que elas trazem aos semelhantes. Enfim, me parece indispensável ter algum tipo de fé no que é bom e justo. Manuel Bandeira, eminente poeta pernambucano escreveu: “Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: – Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar.”. A morte não se dá apenas no corpo físico, pois o esquecimento ou a rejeição podem representar o fim de nossa presença na sociedade. Vem daí a importância da família e do restrito círculo de verdadeiros amigos, onde sempre temos o sentido de pertinência e acolhida. A política, atividade tão aviltada e degradada por boa parte dos políticos, é uma faceta da existência humana notadamente social. O resultado da recente eleição municipal de Araucária é um rematado exemplo do raciocínio que exponho: políticos tradicionais “morreram” para os eleitores enquanto pessoas que recebiam críticas severas de parcela significativa da população “ressuscitaram” com sua imagem renovada. Essa é a grande e notável perspectiva da política e que precisaria ser mais valorizada pelos políticos: A capacidade da pessoa reinventar sua imagem para torná-la positiva e aceita. Ou, de arruiná-la definitivamente. Os que antes eram considerados “dalits”, comparados aos considerados impuros das castas inferiores da Índia e que sequer podiam entrar nos templos para não torná-los impuros, poderão agora mostrar seu valor e provar que a discriminação sofrida foi injusta. Ou unir-se e igualar-se aos que antes os discriminavam e tornar-se objeto da rejeição destinada aos políticos tradicionais. Não é a toa que os generais romanos que retornavam de suas batalhas com vitórias retumbantes, percorriam Roma em triunfo e ouviam obrigatoriamente o aviso, repetido a intervalos previamente estabelecidos: “Lembra-te que és mortal!”. Os políticos que viram sua carreira “morrer” ainda poderão ressuscitá-la, se conseguirem fazer o povo entender que merecem uma nova oportunidade. Aproveitando o tema desta coluna, farei uma pausa e agradeço aos leitores que me acompanharam. Obrigado pela atenção que recebi e espero estar com vocês em outra oportunidade!

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