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O abandono de animais na área urbana, especialmente cachorros e gatos, tem causado preocupação entre os protetores e órgãos responsáveis. Na área rural o problema é ainda mais latente, com os casos aumentando dia a dia. Apesar de não existir um número oficial de animais abandonados, estima-se que ao menos um cão é deixado nas ruas por semana em Araucária.

A veterinária e protetora independente Ieda Ohpis disse que nos últimos tempos vem recebendo muitos relatos de abandono de cães na área rural. “Em dezembro um amigo meu foi pescar no Passaúna e percebeu que havia uma caixa que se mexia. Quando foi verificar, dentro dela tinha dois cãezinhos bebês de apenas 30 dias. Há cerca de duas semanas abandonaram um bull terrier num dia e dois dias depois um rottweiler, no mesmo lugar”, comentou a protetora.

Segundo ela, a maior incidência de abandono tem sido nos finais de semana, principalmente na região do Passaúna. Também já foram registrados muitos casos próximos às empresas distribuidoras de gás, na margem da Rodovia do Xisto. Uma possível solução, sugere, seria colocar câmeras de monitoramento ou placas informando que naquele local existem câmeras. Teve uma época que abandonavam muitos animais próximo ao CCZ e depois que instalaram câmeras, o número caiu bastante”, observou.

Ieda também citou a necessidade de uma revisão na Lei Orgânica do Município, onde diz que cães gatos e muares são obrigados por lei a terem identificação. “Teria que definir na lei que devem ser identificados por microchip, porque no texto atual isso fica meio vago. Quando se coloca uma coleira com nome e telefone o animal está identificado, mas quando o tutor quer abandoná-lo, basta tirar a coleira, com o microchip isso fica difícil”, comparou.

Educação e conscientização

Márcia Padilha, outra protetora independe, diz ter percebido um aumento nos casos de abandono de cãs na área rural. “Está um caos, acredito que se investirmos na conscientização da população, na educação nas escolas, na maior fiscalização e punição, há chances de uma redução no número de abandonos. “Infelizmente ainda existem muitas pessoas que enxergam os animais como objetos que podem ser descartados. Elas têm que ter consciência que ter um animal é uma opção, se optou por ter um bichinho, então que seja responsável, castre, leve ao veterinário quando necessário, mantenha dentro do seu quintal, com espaço, abrigo, ração de qualidade e água fresca. São os cuidados básicos”, orienta.

A protetora reside na área rural e todos os 14 animais que cuida foram resgatados nas regiões afastadas da cidade. “Resgatei cadelas famintas com filhotes, cães idosos, cães doentes. Na maior parte do tempo banco sozinha as despesas com meus animais, somente em ração gasto mais de 600 por mês, sem contar os remédios, vermífugos, antipulgas. Quando eu resgato um animal eu uso as redes sociais para pedir ajuda através de vaquinhas e ainda conto com alguns amigos que acompanham meu trabalho. Mas toda ajuda é sempre muito benvinda”, disse.

Zezinho Dias, mais conhecido como Zezinho ZPA, também é protetor e atuante nas redes sociais. Na sua opinião, o abandono de animais é uma crueldade e somente através de campanhas que incentivem as denúncias por parte da população é que o problema poderá ser amenizado. “Acabar com o abandono vai ser difícil, mas se medidas mais eficazes forem tomadas, o problema poderá ser reduzido”, disse o protetor.

Atualmente ele cuida de 20 animais que resgatou das ruas e ainda ajuda mais 10 cães comunitários, através da doação de ração e medicamentos. “Dos meus cães, tenho sete que estão para adoção e quem tiver interesse é só entrar em contato”, comentou.

Castração na área rural

Sobre o abandono de animais, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que, dentro de suas competências legais, realiza a fiscalização de maus tratos a animais, onde se inclui o abandono, quando da presença de materiais comprobatórios do delito, tais como filmagem da placa do veículo no ato do crime.

Disse ainda que em breve deverá realizar um mutirão de castração na área rural, que deverá contribuir com o controle populacional de cães e gatos.

Serviço

Para entrar em contato com protetores e doar rações, medicamentos ou mesmo adotar um cãozinho, os fones são (41) 99667-0813 (Zezinho), (41) 99781-3269 (Márcia Padilha) e (41) 99973-0959 (Ieda Ophis).

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1302 – 10/03/2022

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