As notícias do gigantesco escândalo ocorrido na Petrobras e das ramificações descobertas em outros setores, ao mesmo em que dão ânimo à população pelas punições aplicadas, deixam a todos com os nervos à flor da pele. Não é para menos, pois, mesmo com toda a riqueza disponível neste gigantesco Brasil desde antes de Cabral aportar suas caravelas por aqui, ainda temos um longo caminho a percorrer para atingir o desenvolvimento social merecido. Porém, é preciso termos muita cautela nos momentos em que os ânimos encontram-se exaltados e atentar que os motivos de tal agitação podem variar muito. Em alguns, vê-se a justa indignação pelos desvios de verbas que ocorreram e percebe-se que querem ver as riquezas do Brasil aplicadas na melhoria da qualidade de vida da população. Outros, por puro despreparo e pela ingenuidade que daí advém, repetem protestos e manifestações que nem compreendem exatamente. Desta forma, tão somente extravasam o cansaço de ver as injustiças sociais repetirem-se através dos tempos e não conseguem apontar o caminho da melhora. Alguns, por interesses inconfessáveis ou por pura ganância de abocanhar parcela cada vez maior dos recursos que são de todos, procuram tumultuar ainda mais a situação e pretendem levar a um ambiente de caos. É durante a desorganização social que estes pretendem impor suas teses pela força e encontrar apoio para legitimar tais medidas que, em condições de normalidade, a maioria não aceita. A grande mídia, estruturada por capitais financeiros gigantescos e nem sempre identificados adequadamente, promove um clima de instabilidade política, econômica e social que não espelha o dia a dia das pessoas comuns. É inegável que diversos empreendimentos enfrentam dificuldades e que as pessoas já não encontram trabalho com a facilidade que encontravam há pouco tempo atrás. Mas, vivemos um clima de liberdade de expressão e manifestação que ainda não havia presenciado, neste meio século que acompanho a política e a realidade social brasileira. Romper a ordem democrática e atropelar os mecanismos de participação social pode nos levar ao caos e beneficiar os incendiários de sempre, que esperam o tumulto típico do grande incêndio para fazer o saque das riquezas com maior facilidade. Sempre é mais fácil saquear nos países devastados por brigas entre correntes políticas, religiosas e raciais, do que em países como a organizada e democrática Noruega. Protestos como o ocorrido recentemente na Câmara de Araucária, onde os manifestantes pediam melhor aplicação dos recursos públicos, trazem um lampejo de esperança na busca por dias melhores para todos. É necessário lembrar, porém, que os vereadores foram escolhidos pelo voto direto e tem mandato popular. Protestar é muito importante e significativo, mas deve ter eficiência e eficácia para atingir objetivos satisfatórios. A construção de um ambiente político mais representativo da vontade da maioria exige participação em todos os momentos. No ano que vem escolheremos novos prefeitos(as) e vereadores(as) e o movimento em prol da moralização da política precisa crescer e dominar o processo eleitoral. O amadurecimento democrático da sociedade é realmente lento e não deve ser colocado em risco, por irresponsavelmente, brincarmos com fogo.