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Coluna SMED: O ato de acolher – um olhar para as crianças e estudantes imigrantes

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Você sabia que existe uma resolução que garante a matrícula de crianças e adolescentes imigrantes em idade obrigatória na rede pública de ensino, seja municipal ou estadual? É a resolução n.º 1, de 13 de novembro de 2020. Essa resolução fundamenta-se na Lei de Migração nº 13.445 de 2017, que garante os direitos e deveres das pessoas migrantes.

Atualmente no município de Araucária temos 241 crianças e estudantes imigrantes matriculados, entre Educação Infantil e Ensino Fundamental. A maioria são nascidos na Venezuela, mas também temos crianças do Haiti, Colômbia, Peru, Cuba, Uruguai, Portugal e, um novo fenômeno: crianças nascidas no Brasil, filhas de famílias imigrantes. Nosso município está vivendo uma nova onda de imigração.

Diferente de adultos, crianças possuem mais facilidade para aprender uma língua adicional quando imersas no contexto dessa língua. Por isso a vivência na escola é tão importante: é o momento em que a interação dela naquele ambiente será mediada pela Língua Portuguesa. É bastante desafiador no início, tanto para as crianças imigrantes quanto para os professores, mas aos poucos todos temos nos adaptado, e já ouvimos lindos relatos de professores e de famílias imigrantes sobre os frutos desse trabalho.

Receber famílias imigrantes, a maioria resultado de migrações forçadas (quando são motivadas por desastres ambientais, guerras e pobreza extrema em seus países de origem), requer um olhar para o contexto da migração, e isso tem trazido desafios também para a nossa equipe multiprofissional: assistentes sociais e psicólogos que atuam nas unidades educacionais. E esses profissionais vêm mostrando a cada dia como é possível acolher em diferentes frentes de atuação.

Professores e equipes pedagógicas têm mostrado que a barreira da língua é aos poucos atravessada pelo olhar carinhoso e acolhedor, pela recepção calorosa das outras crianças, pela partilha no momento da alimentação, pelas brincadeiras no recreio e pelo acolhimento da família. Demonstram que seu trabalho pedagógico está também na construção de pontes entre diferentes culturas.

Há uma história sobre hospitalidade contada pelo povo Guajiro, colombo-venezuelanos: as famílias dessa região sempre têm redes para os visitantes. Ao chegar um visitante, a família anfitriã o leva até a rede, e o deixam lá, sem puxar conversa, sem forçar interação. Quando o visitante, por conta própria, vai conversar, o anfitrião lhe diz “você chegou”.

Para eles, o corpo se move mais rápido que a alma.

Edição n.º 1391