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Eu sempre gostei de ir à escola. Motivo de piada por parte de meus colegas e irmãos, eu admitia: ia para a escola para estudar. Muitos vão. Muitos vão também para brincar, correr pelo pátio, comer a comida gostosa da merendeira que chamávamos de tia da cantina.
Eu sempre gostei de ir à escola. Eu adorava ouvir sobre os mitos gregos, as grandes navegações, as florestas e relevos, até as expressões algébricas faziam parte do meu encantamento pela escola. Mas minha paixão era e sempre foi a literatura. E era na biblioteca que eu encontrava o meu refúgio, o meu reduto, a minha galáxia pessoal no meio do universo escolar.
Eu sempre gostei de ir à escola, já disse? Tanto gostei que depois de anos fugindo da ideia de ser professora, acabei me rendendo… E, hoje, ainda gosto de ir para a escola. Gosto de ver os olhares interessados e os nem tão interessados quando falo do meu amor aos livros. Gosto de ouvir aqueles que, por puro deboche, dizem preferir os números. Mal sabem eles que eu também gostava dos números, mas me perdi nas letras.
Hoje eu continuo gostando de ir à escola. Gosto de ver aqueles que estudam, que brincam, correm pelo pátio, que esperam ansiosamente pela hora do lanche… e que muitas vezes estão, sim, sedentos de saber. Hoje eu gosto de ir à escola, pois me vejo naquele que fica quietinho, na biblioteca, imerso em uma vida outra, construída de sensações e imagens muito próprias, não reprodutíveis, já que são muito pessoais.
Hoje eu ainda gosto de ir à escola. A cada “pssora” que ouço, compreendo que há uma ponte entre a minha vida de adulta e a vida daquela estudante que fui. Consigo me enxergar em vários rostos que cruzam meu dia. E eu me resgato, tentando não perder a essência desse ser que povoa esses espaços que chamamos de escola. Como meu amado José Saramago já dizia: “É preciso sair da ilha para ver a ilha”. E hoje, do lado de cá da ilha, sinto uma saudade imensa de ser estudante. Acredito que todos nós, em algum momento, sentimos.
Hoje eu gosto de ir à escola. E essa afirmação só é possível porque tem alguém que também gosta, seja para estudar, brincar, correr, comer… Sendo assim, desejo parabéns a todos(as) os(as) estudantes que sempre preencheram e preenchem nossos dias de esperança.

Estudantes: parabéns!
Estudantes: parabéns! 1

Texto: Professora Maria de Fátima Borges

Publicado na edição 1324 – 11/08/2022

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