Uma das imagens mais lindas e que melhor definem quem é Jesus, é a do Bom Pastor. Os primeiros cristãos gostavam muito de apresentar Jesus com essa imagem nos diversos afrescos que ainda permanecem até hoje nas Catacumbas, em Roma. Diversas vezes tive a alegria de presenciar esta verdade, visitando estes lugares que retratam a história inicial do cristianismo. Como não eram considerados cidadãos romanos, sem direito a celebrar publicamente e proibidos de serem enterrados nos cemitérios públicos, era ali, nas catacumbas que eles prestavam o culto a Deus e enterravam os seus entes queridos. Diante da dor, do sofrimento, dos limites impostos pelo império romano, Jesus, o Bom Pastor, era para eles o consolo, a coragem, a força e a esperança. Pintado em pedras, ele surge amável, carinhoso, com a ovelha em seus braços, protegendo-a contra todos os ataques advindos do sistema romano, tremendamente maldoso e repressivo com os cristãos.
Essa imagem se perpetuou no tempo, e é até hoje a que melhor define quem é Jesus. Ele, o mestre, se apresenta de diversos modos, mas, com certeza, o Bom Pastor é a que melhor espelha o rosto misericordioso de Jesus. Diferentemente do mercenário, que é um empregado assalariado e, que foge diante de um eminente perigo, Jesus é o Pastor capaz de dar a vida por suas ovelhas. O mercenário está apenas preocupado com o seu salário, mas, o pastor, tem como único objetivo, fazer o bem, ajudar de modo desinteressado e livre, mesmo que isso custe a sua própria vida.
Jesus é o Bom Pastor, e, tudo o que ele faz é pensando somente e unicamente na plena realização de suas ovelhas. Ele mesmo nos diz, ‘eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’. Ele quer a salvação de todos, e, não apenas de alguns privilegiados. Em uma de suas parábolas, Jesus vai dizer que se um pastor tem 100 ovelhas e uma delas se perde, ele deixa as 99 e vai ao encontro daquela que se perdeu e, quando a encontra, reúne os seus amigos e faz festa. Impossível não compreender o grande e imenso amor de Jesus para com todos, sobretudo, com aqueles que se perdem e se afastam do bom caminho. E pensar que, tantos, em nome de Jesus, julgam e condenam! Não entenderam absolutamente nada do evangelho de Jesus, mesmo que proclamem o seu nome em bom e alto som.
Seguir Jesus, o Bom Pastor, é compreender que a nossa vida de cristãos, não importa o cargo que ocupamos na Igreja, é dar a vida pelos irmãos. O papa Francisco fala de uma igreja em saída, que sai em missão, que deve ir ao encontro daqueles que se perderam e, apresentar Jesus, como caminho de salvação para aqueles que ainda não o conhecem. Este é o grande desafio de hoje, mas, que perpassa todos os séculos da era cristã. Não são os sãos que necessitam de medico, mas os doentes. Assim também a eucaristia não é o pão que alimenta os fortes, mas, que dá alento e coragem para os fracos.
Neste dia do Bom Pastor, rezemos pelo nosso papa, o Pastor que conduz o rebanho cristão em primeiro lugar. Assim também, por todos nós, para que aprendamos a amar em primeiro lugar, querendo única e exclusivamente o bem dos nossos irmãos. Quem semeia o ódio, a maldade, a divisão, o preconceito, de modo arrogante e prepotente, mesmo que proclame o nome de Jesus está distante de entender e viver a partir do coração do Bom Pastor. Que ele nos ensine a fazer o bem, não importa a quem; que toque o nosso coração, para que a única linguagem que dele brota, seja a de amor incondicional a todos os irmãos.
Publicado na edição 1258 – 22/04/2021