Família nos ensina como ter dias mais leves e construir memórias afetivas

O ano de 2020 foi de aprendizado para a família Siqueira, com muitas aulas e cursos on-line, com cada um respeitando o espaço do outro e reforçando os laços de amor e companheirismo. Foto: Luciana da Silva Siqueira
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Família nos ensina como ter dias mais leves e construir memórias afetivas
O ano de 2020 foi de aprendizado para a família Siqueira, com muitas aulas e cursos on-line, com cada um respeitando o espaço do outro e reforçando os laços de amor e companheirismo. Foto: Luciana da Silva Siqueira

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 131 ANOS

Quando a pandemia chegou, os irmãos Christopher (21) e Mickhael (17) estavam em momentos importantes nos seus estudos. Chris iria se formar em Publicidade e Propaganda na Unifaesp e o Khael estava concluindo o ensino médio no Colégio Monteiro Lobato e iria prestar o vestibular e o Enem.

De repente os irmãos foram obrigados a trocar a sala de aula pelo computador. “Na faculdade passamos a ter aula on-line, no sistema remoto, e foi bem cansativo para fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que era em equipe, mas nós não podíamos nos encontrar”, relembra Chris. Por recomendação da agência de marketing digital onde ele estagiava, o jovem começou a trabalhar em home office. Mas, com a pandemia a agência perdeu clientes e meses depois cancelou o estágio. Chris dedicou-se ao trabalho freelance de videomaker, com edição de vídeos e produção digital.

No colégio do Mickhael, ou Khael como é carinhosamente chamado pela família, os professores foram rápidos e adotaram o sistema remoto para repassar as atividades aos alunos, antes mesmo do governo optar pelas aulas televisionadas. “No início eu fiquei desanimado, mas com o tempo fui encontrando o ritmo e me acostumei. Os professores nos ajudaram muito, da melhor forma possível com as ferramentas que eles tinham, tanto que eu achei as provas do Enem bem acessíveis”, diz Khael.

Apaixonados por comunicação e artes visuais os irmãos estão sempre trocando ideias, aprendendo um com o outro e pesquisando os conteúdos disponíveis sobre o assunto na internet. “Somos uma família meio nerd, com gosto pela tecnologia, minha mãe teve estúdio de foto e vídeo e ela convertia as antigas fitas VHS em DVD para os clientes, na época era um diferencial do estúdio”, conta Chris.

O pai dos meninos, Jair Siqueira Junior (43) trabalha em uma montadora de automóveis que entrou em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) por cinco meses e nesse período, ele teve uma redução de salário. Para manter o emprego teria que participar de cursos de capacitação do Senai. “Duas vezes por semana eu assistia ao conteúdo EAD e as lives que os professores faziam, as aulas eram no período integral e eu passava o dia no quarto estudando”, relembra.

A mãe Luciana da Silva Siqueira (43) trabalhava em uma empresa na área comercial e foi demitida durante a pandemia. Apaixonada por artes manuais, resolveu que iria aprender corte e costura. Comprou uma máquina seminova, um curso on-line e consumiu tudo o que encontrava na internet sobre o assunto, principalmente as vídeo aulas. “Descobriu uma nova paixão que é a costura criativa, onde eu me encontrei, gosto de costurar pequenas e delicadas peças, com foco em enxovais de bebês. Confesso que aprendi rápido e pelo meu trabalho aprendi a ser perfeccionista”, conta.

Quando a pandemia se agravou a família ficou muito preocupada com a possibilidade de serem contagiados, tomaram todos os cuidados e só saíam para o essencial. “Senti muita falta de estar mais perto da minha filha Pamela (21), que é casada. E nesse ano eu perdi meu pai, não foi pelo covid, mas pelas regras de distanciamento eu mal pude me despedir”, lamenta Luciana.

Igualdade

Mesmo com marido e filhos em casa, Luciane encontrou tempo para se dedicar ao seu ateliê, pois as tarefas da casa são divididas entre a família. Desde cedo os meninos aprenderam a ajudar para não sobrecarregar a mãe, que sempre teve uma profissão. O marido volta e meia assume a cozinha. “Eu gosto muito de cozinhar e inventar uns pratos diferentes e tenho a ajuda dos meninos pra deixar tudo em ordem depois”.

O que facilitou a convivência da família no isolamento é que para estudar ou trabalhar cada um tem seu próprio espaço, mas na hora das refeições, na igreja ou nos momentos de descontração, gostam de estar juntos, passam muito tempo na sala conversando ou assistindo a uma série, às vezes até de madrugada. “Somos uma família bem nerd e conversamos sobre tudo, sobre a Bíblia, tecnologia, teologia, política, filmes e aproveitamos a companhia um do outro”, diz Chris.

Ano novo, novos rumos

O ano de 2021 já começou com muitas mudanças para a família Siqueira, o pai retornou ao trabalho na montadora e teve que se readaptar e acordar bem cedinho para tomar o ônibus da empresa, que passa às 4h30 para buscá-lo. Chris foi aprovado no TCC, concluiu a faculdade e começou a trabalhar numa empresa especializada em games, aqui na cidade.

Khael passou no vestibular e vai cursar Design, na Universidade Positivo. A mãe quer se dedicar a expandir seu negócio de costura criativa, apostando na divulgação nas mídias sociais da marca @atelie.coracao_de_mae. O casal quer ainda investir num curso de marcenaria, que é um hobby em comum e pode ser uma opção para o futuro, pois eles não se imaginam “aposentados e ociosos”.

“2020 foi um ano atípico e de muita insegurança para todos, que nos mostrou o quão frágil é a vida, por isso devemos levar a vida com leveza, construir memórias, aproveitar a convivência com os filhos enquanto podemos. Deus é a base de tudo, é Ele quem sustenta nossa família na fé e no amor”, finaliza Luciana.

Texto: Rosana Claudia Alberti

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