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História de luta e perseverança ajudou empreendedora a se tornar a “dona do peixe”

História de luta e perseverança ajudou empreendedora a se tornar a “dona do peixe”
Coragem, planejamento e mão na massa, garantiram o sucesso nos negócios. Foto: Marco Charneski

É cada vez maior o número de mulheres empreendedoras, cuja perseverança, criatividade, talento e dedicação inspiram aquelas que buscam um mundo mais igualitário e com mais oportunidades de liderança. Porém, ter um negócio próprio é sinônimo de trabalhar muito. É preciso se empenhar ao máximo para tirar as ideias do papel e fazer acontecer. É preciso ter fôlego para ser bem sucedida. Dificuldades que a empreendedora Cláudia Adriana da Silva, proprietária da Peixaria Cláudia Pescados, tirou de letra.

Sempre focada em buscar alternativas para que os negócios prosperassem, a araucariense enviou um projeto, há cerca de dois anos, para uma ONG que promove ações de incentivo às mulheres empreendedoras de todo o Brasil. “Eu mandei o projeto e quando recebi a confirmação de que havia sido contemplada com um aporte financeiro por parte desse Instituto, fiquei muito emocionada. Esse recurso terá que ser investido na minha imagem como empreendedora, e na minha peixaria. É muito bacana isso, porque essa ONG incentiva e inspira mulheres que comandam seus negócios tão bem quanto os homens e são bem sucedidas naquilo que se propuseram a fazer. Além do aporte financeiro, eles acompanham o papel dessas mulheres dentro da sociedade em que estão inseridas”, comentou.

Modernizando os negócios

Cláudia já tem planos de onde pretende aplicar parte do investimento. Vai instalar ar condicionado na peixaria e modernizar o layout, para deixar seu comércio ainda mais atrativo. “Desde que abri a peixaria comecei a me destacar no setor, isso porque sempre vendi produtos de ótima qualidade, fresquinhos e também procurei firmar parcerias com cooperativas de mulheres pescadoras. Além disso, minha peixaria só tem funcionárias mulheres, trabalhamos em um ambiente de respeito, acolhimento e muita leveza, sempre atentas aos detalhes e isso torna o nosso atendimento aos clientes único e especial”, frisou a empresária.

Como comerciante, Cláudia sempre participou ativamente das ações e atividades da Associação Comercial (ACIAA) e priorizou parcerias com os demais colegas do comércio, contando pontos favoráveis para que a ONG selecionasse seu projeto. “Como empreendedora de um setor que trabalha com um alimento saudável, o peixe, me sinto responsável em incentivar entre os meus clientes, o lazer e os cuidados com o corpo. Também estou sempre participando de oficinas e eventos voltados às mulheres empreendedoras, que incentivam não apenas o empreendedorismo, mas também o empoderamento feminino”, apontou.

O começo de tudo

A Peixaria Cláudia Pescados iniciou suas atividades em 2016. A empreendedora era cliente de um box de peixes no Mercado Municipal de Araucária, e toda semana ia lá com o dinheiro contadinho, comprar um pescado para compor a alimentação da filhinha. “Naquele tempo eu já fazia questão de dar peixe pra ela, porque sabia que era um dos alimentos mais saudáveis. Eram tempos difíceis e na maioria das vezes eu conseguia comprar apenas um ou dois filezinhos, que dava só pra ela comer”, recorda.

Na época Cláudia trabalhava como técnica de enfermagem e decidiu que queria realizar um sonho antigo: entrar para a faculdade. Fez o Enem e com a ótima nota que obteve, conseguiu uma bolsa para fazer o curso de Pedagogia. “Iniciei a faculdade e posso dizer que gostei, mas no decorrer do curso eu entendi que eu não seria professora. Recebi muitas informações e conhecimentos e fui refletindo a respeito. Como eu era a pessoa mais velha da turma, geralmente fazia os trabalhos sozinha e não em grupo. Aquilo me fez entender que eu tinha capacidade de realizar o que eu quisesse, sozinha, sem precisar contar com os outros. Eu mesma decidia o que ia fazer e tomava iniciativa. Então pensei: por que não trabalho para mim mesma? Coincidentemente, naquela época, a dona do box do peixe lá no Mercado Municipal, disse pra mim que queria vender seu negócio. Minha filha ainda era pequena e eu estava sem trabalhar, isso desde que ela nasceu. Eu estava totalmente sem saber o que ia fazer, sem perspectivas de futuro então, sem hesitar, perguntei se ela me venderia o box de peixe. Como estava desempregada, não tinha dinheiro, emprestei da minha família e fizemos um acordo meio doido. Abri minha própria peixaria. Em um ano acabei conhecendo muitas pessoas, fiz vários contatos e meus próprios clientes me ajudaram e me ensinaram muitas coisas”, reconheceu.

Em 2017 o Mercado Municipal fechou e Cláudia abriu sua peixaria em outro ponto, alugado. “Comecei a peixaria vendendo bandejinhas de meio quilo, porque eu não tinha capital de giro, precisava vender para poder comprar mais pescados. Para tornar as coisas ainda mais complicadas, entrei para um ramo ‘machista’, nem todos respeitavam uma mulher dona de peixaria. Foi difícil, mas foquei no que eu queria e aos poucos fui me tornando conhecida e meus negócios foram melhorando. Hoje me tornei uma empreendedora de respeito e graças ao prêmio dessa ONG, meu trabalho está sendo ainda mais reconhecido”, comentou Cláudia.

Serviço

Há cerca de um ano a Peixaria Cláudia Pescados está em um novo endereço, na Avenida Victor do Amaral, 1697, no Centro, região privilegiada para o comércio, com estacionamento na porta. Mantendo uma de suas tradições, a peixaria trabalha com entregas e atende pedidos pelo WhatsApp (41) 99904-6240, pelo Facebook Peixaria Claudia ou pelo Instagram @peixariaclaudia.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1285 – 28/10/2021

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