A inscrição, no alto da cruz, ‘INRI’, significa: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus. E ela continua presente em todas as cruzes, carregadas pelos seus seguidores. Mas, longe de ser um título honorífico, na verdade, foi um ato de zombaria, de gozação, por parte daqueles que o condenaram à morte. Esse título não foi cercado de festa, de glamour, muito pelo contrário, foi no momento de suprema dor e sofrimento que o Mestre, foi condecorado pelo seu amor pleno e total pela humanidade. Não estava coberto de roupas finas, e sim, praticamente despido de tudo, abandonado por todos, mas, fiel a Deus até o último momento de sua vida terrena. O seu reinado não é de poder, de glória, nem de prestígio social, de dominação, mas, um reinado marcado pelo amor até às últimas consequências, ou seja, dando a vida para nos salvar.
Celebrar a festa de Cristo, Rei do Universo, não significa recorrer à sua glória, ao seu poder, mas reconhecer a sua plena humanidade, e, como homem, que se doa plenamente, guiado pela vontade do Pai. Jesus foi obediente aos desígnios de Deus, e, antes de ser condenado, sentiu a dor daquilo que o esperava, humanamente falando, mas, foi capaz de ser fiel ao Pai, quando disse: ‘Pai, afasta de mim este cálice, mas, que se faça a sua e não a minha vontade’. E, como último gesto de fidelidade, bradou fortemente, ‘Pai, em tuas mãos, eu entrego o meu espírito’. Ninguém amou como ele, ninguém se entregou tanto em prol dos mais pobres e necessitados, como Jesus. Ele passou pela vida fazendo o bem, somente o bem, preocupado com a dignidade de todos os seres humanos, especialmente, daqueles mais sofridos e abandonados.
A sua morte na cruz, foi consequência do seu amor pleno, total, durante toda a sua vida. Um amor que se traduziu em gestos concretos de serviço a todos os seres humanos, especialmente àqueles mais sofredores. Um amor carregado de uma compaixão, de uma misericórdia sem limites, preocupado com a salvação de todos. Ele mesmo afirmou: ‘eu não vim para condenar, mas para salvar’. E, no momento derradeiro, diante do pedido do ladrão arrependido, lhe responde: ‘hoje mesmo estarás no paraíso’. Foi o seu último serviço, prestado em prol da salvação daquele ser humano, condenado pelos seus erros, mas, redimido e salvo pelo Mestre.
Seguir Jesus, rei do universo, significa aprender com ele, que a vida humana só tem razão de ser e de existir, quando colocada a serviço dos outros. Um serviço feito com amor, na gratuidade, simplesmente pensando no bem do próximo. Me lembro nesse momento de Madre Teresa de Calcutá, quando estava cuidando de um leproso, com muito amor e carinho. A jornalista ali presente, ficou impressionada com tanta compaixão, e, lhe disse: ‘eu não faria esse trabalho nem por um milhão de dólares’. Madre Teresa então lhe respondeu: ‘eu também não, pois eu faço com amor e na gratuidade’. E, tudo o que feito a partir do coração, dignifica a existência humana. A nossa vida é breve e passageira, e, mais cedo ou mais tarde, todos nós voltaremos para a casa do Pai. A exemplo de Jesus, Rei do Universo, somos chamados a viver com amor, compaixão, ternura, servindo com alegria os nossos irmãos. O bem que fazemos, retorna para nós em forma de bençãos e de graças. Colocar a vida a serviço dos outros, de modo livre, espontâneo e gratuito, é compreender e seguir a Jesus, Rei do Universo.