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Entra ano sai ano me vejo obrigado a voltar ao célebre ensinamento do ex-presidente José Alencar, já falecido, quando, muito debilitado pelo câncer que o acometia, lacrou: o homem público não se pertence.

A frase foi dita quando questionado sobre as razões que o levaram a expor publicamente a sua luta contra o câncer, que o mataria algum tempo depois. Já muito debilitado pela doença ele falava com uma impressionante serenidade sobre a repercussão do caso na mídia.

Milionário, talvez bilionário, com sua fortuna tendo sido construída na iniciativa privada, Alencar poderia ter deixado o cargo de vice-presidente e se refugiado em casa. Poderia resolver não dar satisfação alguma sobre a doença que o acometia, mas não. Ao contrário disso, ele pregou e praticou o ensinamento de que a partir do momento que o sujeito entra para a política ele tem que ter a consciência de que tudo o que lhe acontece é de interesse da sociedade. “O câncer do José Alencar não interessa a ninguém, mas o câncer do vice-presidente é de interesse da nação”, disse à época.

Se o ensinamento de Alencar já era uma realidade em 2009, quando a frase foi dita, imagine agora em que as redes sociais estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia? Mais do que nunca, é impossível aos homens públicos tentarem separar o comportamento que adotam em seus gabinetes daqueles de sua vida particular, sendo que eles sempre serão julgados pelo modo como conduzem suas vidas em ambos os ambientes.

É, por exemplo, o que vimos acontecer nos últimos dias com um vereador de nossa cidade. Por mais que haja várias versões para os motivos que o levaram a ter que prestar esclarecimentos em uma Delegacia em razão da acusação de violência doméstica, o fato é que sua vida pública ficará marcada pelo fato.

Pode até ser que, no final das contas, ele seja absolvido pela Justiça, reate com a companheira e ambos sejam felizes para sempre, mas a falta de prudência com que ele conduziu o caso demonstra, no mínimo, certo despreparo para o exercício da vida pública.

Obviamente, por vivermos num país como o Brasil, em que boa parte da população ainda releva muita coisa praticada por nosso homens públicos, o caso deste final de semana não é necessariamente uma sentença de morte política ao nobre edil. Mas, com certeza, é “mais um” alerta de que ele precisa rever o modo como conduz sua vida particular. Da mesma forma, é uma alerta a todos os demais vereadores sobre como a sociedade pune atualmente moralmente os deslizes de seus representantes. Fica a dica!

Comentários são sempre bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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