Com o corte no envio dos kits de alimentos do Governo do Estado desde o mês de maio, as famílias dos alunos da rede estadual de ensino de Araucária, que vivem em situação de vulnerabilidade social, enfrentam algumas dificuldades. O corte foi feito com base no possível retorno das aulas presenciais em todas as unidades, considerando que os alimentos voltariam a ser utilizados no preparo da merenda escolar. Desde então, as famílias passaram a receber apenas um kit de frutas e verduras e pão, provenientes do programa da agricultura familiar, que também deveriam ser usados no preparo da merenda, mas por serem perecíveis, não podem ser armazenados.
No Colégio Marilze da Luz Brand, localizado no jardim Fonte Nova, a direção explicou que os alimentos que chegam não são suficientes para atender a todas as famílias cadastradas. “Tudo que chega a gente divide em pequenas sacolas, para garantir que todos recebam. Nossa região é carente, temos 100 famílias cadastradas, e cada uma leva em média 5kg de frutas e verduras. A entrega é feita a cada 15 dias, mas sabemos que não é o suficiente para manter a alimentação ideal das famílias, muitas com 3 ou 4 filhos”, destacou a direção.
Atualmente recebem os kits os estudantes com matrícula ativa com famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família ou com famílias não beneficiárias, desde que estejam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com dados atualizados dos últimos seis meses.
A dura realidade
Irene Spegiorin dos Santos tem quatro filhos, de 8, 15, 22 e 23. Apenas o de 15 estuda no Colégio Marilze. Se não fosse a ajuda dos maiores, que trabalham, a família não teria condições de se manter. “Meu marido está desempregado por causa da pandemia e meus filhos ganham pouco, mas conseguimos pagar as contas e comprar alimentos. Claro que algumas vezes a dificuldade bate na nossa porta, porque antes eu recebia o kit do Governo do Estado, com vários alimentos, e agora só recebo as frutas e verduras. É pouco, mas ajuda muito”, comentou a dona de casa.
A venezuelana Herminia Maria Vera Herrera tem 4 filhas, de 12, 10, 8 e 4. Apenas a de 12 anos estuda no Marilze. “O kit de frutas e verduras tem ajudado bastante, sempre temos algo diferente e saudável para colocar à mesa. Na casa, apenas meu marido trabalha, e muitas vezes fica difícil pra nós, porque praticamente o que ele recebe dá pra pagar aluguel e as contas. Tenho Bolsa Familiar, que também não é muito, por isso sempre conto com o dia que vou lá na escola buscar a sacola com as frutas e verduras”, disse.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1266 – 17/06/2021