O Dia Internacional de Combate a Endometriose será lembrado na sexta-feira, 7 de maio. A endometriose é uma doença silenciosa, que acomete muitas mulheres e pode ser a causa da infertilidade. Estima-se que a incidência da endometriose na população brasileira é em torno de 15%, ou seja, de cada 100 mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos), 15 terão a doença. Em pacientes inférteis, este número pode ser de aproximadamente 50%. Esse elevado número de casos reacende a importância de uma data especial, no intuito de trazer o assunto à tona.
Para esclarecer algumas das principais questões a respeito do tema, o Jornal O Popular conversou com a ginecologista e obstetra Silvia Luanda Rezende, da Clínica São Vicente. Segundo ela, a endometriose é uma doença onde as células de dentro do útero, da camada que se chama endométrio, acabam se implantando fora do útero, em outros locais. “Os mais comuns seriam ovário, intestino, atrás do útero, mas podem acontecer focos em pulmão e nariz. É bem complicado e não há explicações do porquê isso acontece. São muitas teorias, não podemos afirmar com certeza absoluta os motivos que levam a mulher a ter a endometriose”, diz a médica.
No intuito de ajudar as pessoas a entenderem um pouco sobre os sintomas da doença, a especialista tenta simplificar a questão. Ela afirma que as células que se implantam fora do útero, vão se comportar do mesmo jeito que as células que estão dentro do útero, ou seja, elas sofrem todas as alterações hormonais que o endométrio tópico irá sofrer. “O que acontece é que quando a mulher menstrua, os focos de endométrio que estão fora do lugar, também irão menstruar, por assim dizer. Simplificando, então você acaba derramando sangue onde tem esses focos. Se você tem um foco no ovário, a endometriose irá formar um cisto de sangue no ovário, se você tem um foco no intestino ou dentro ou atrás do útero, você vai derramar o sangue dentro da cavidade abdominal, se você tem um foco no nariz, em toda menstruação sua vai ocorrer sangramento nasal, e assim por diante. Esses focos sangram todo mês como o endométrio de dentro do útero”, exemplifica.
A ginecologista destaca ainda que, dependendo do lugar que esse sangue está, alguns sintomas podem aparecer. Sintomas como aderências intestinais, sangue na urina, um cisto hemorrágico no ovário, sangramento nasal, tosse com sangue. “A longo prazo, os principais sintomas são muitas dores, geralmente dor abdominal, dor pélvica, dor lombar, dor durante as relações sexuais. Além disso, a endometriose é uma doença que leva a infertilidade e a dificuldade para engravidar. Outros sintomas secundários podem incluir transtornos menstruais, TPM muito exacerbada, cólica menstrual muito forte”, comenta.
Diagnóstico e tratamento
Segundo a Dra Silvia, o diagnóstico da endometriose vai depender muito da conduta do médico que está investigando o caso e dos sintomas que a pessoa apresenta. Quando os sintomas são muito acentuados, é muito fácil fazer um diagnóstico clínico, mas a confirmação mesmo só se dá através da biópsia das lesões. “Para o diagnóstico, utilizamos o ultrassom, a tomografia e a ressonância, que podem levantar suspeitas, mas a confirmação, é só pela biópsia, que normalmente não se faz, a menos que a paciente tenha indicação cirúrgica. É um diagnóstico demorado, varia de paciente para paciente, e dependendo dos sintomas, eles geralmente são muito precoces. Começam com uma cólica menstrual insuportável, que vai piorando gradativamente, dor pélvica, daí a paciente vai procurar o médico exatamente por isso, mas às vezes esses sintomas são pobres e ela só irá descobrir que tem endometriose quando já está com dificuldade para engravidar”, esclarece.
A ginecologista ressalta também que a endometriose é uma doença do período fértil, ou seja, ela acontece quando a mulher menstrua. Então a menopausa, por assim dizer, seria uma espécie de cura para a endometriose. A causa da doença pode ser genética, ter uma causa retrógrada ou mesmo devido a um implante cirúrgico. “Não tem como prevenir a endometriose, é impossível. Não tem nem como prever que a pessoa vai ter a doença. Ela tem uma característica genética, mas que não é muito importante. Tem meninas que tem endometriose e ninguém na família teve, por exemplo. E o tratamento é individualizado, depende dos sintomas que a paciente tem e depende do grau da endometriose. No geral, o melhor tratamento é suspender a menstruação, a mulher tem que parar de menstruar para poder reverter o quadro da doença, mas existem casos mais graves que o tratamento pode ser cirúrgico. Então, podemos dizer que de todas as consequências da endometriose, a pior delas é a infertilidade, isso além da dificuldade para engravidar e das dores crônicas. A paciente acaba desenvolvendo uma dor pélvica crônica, que piora muito a cada menstruação e que vai evoluir para uma infertilidade a longo prazo. Ela não vai conseguir engravidar a longo prazo, e isso acontece em quase 100% dos casos de endometriose avançada”.
Serviço
Agende uma consulta com a ginecologista e obstetra Silvia Luanda Rezende ou com profissionais de outras especialidades na Clínica São Vicente, localizada na rua São Vicente de Paulo, 250, Centro. Os fones para contato são: (41) 3552 4000 e (41) 98780 1440.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1260 – 06/05/2021