O nosso Trump

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Já faz mais de uma semana que os Estados Unidos elegeram Donald Trump presidente. Já ouvi muita coisa sobre o assunto, sendo que grande parte dos comentários foram temerosos com relação ao modo como o bilionário excêntrico pretende comandar o país mais poderoso do mundo.

Confesso que, apesar de vivermos num mundo globalizado, penso que perdemos muito tempo preocupados com o que acontece lá fora e acabamos nos esquecendo do que está acontecendo bem aqui, debaixo do nosso nariz.

Nós mesmos, moradores de Araucária, mais do que ninguém não deveríamos ter nos surpreendido com a eleição de Trump. Afinal, há pouco mais de um mês, fizemos o mesmo: elegemos o nosso Trump. É claro que, como bons tupiniquins, o nosso Trump não é falante e nem dono de opiniões tão controversas como o original, mas é sim muito parecido com ele. Ambos têm muito dinheiro. O americano bem mais, é claro. Os dois são donos de hotéis e vários outros imóveis. Tanto um como outro tem uma biografia considerada controversa por muitos. Com todo respeito à família de Hissam, ambos tem até a mesma fama de “galanteadores”. Se bem que no caso de Trump, há várias denúncias de que o galanteio foi na verdade assédio sexual, coisa que nunca ouvimos falar com relação ao prefeito aqui eleito.

Além dessas características, digamos assim, palpáveis, creio que até os motivos que levaram os americanos a eleger Trump são bem parecidos com os que fizeram os araucarienses a dar um mandato de prefeito a Hissam: o descontentamento com os políticos de carreira e a vontade de tentar algo diferente para si.

Trump e Hissam são tiros no escuro de pessoas que não necessariamente querem o melhor para a coletividade. Querem apenas o melhor para si e suas famílias. O americano médio não se importa se o seu presidente não acredita no aquecimento global, na abertura das fronteiras e assim por diante. O que ele quer é o emprego que, na opinião dele, está sendo levado pelo latino ou pelas indústrias americanas instaladas no Vietnã, China ou Taiwain. Do mesmo modo, o araucariense médio não está preocupado se o prefeito tem ou não experiência com administração pública, se tem ou não disposição para promover as mudanças necessárias para o bem da cidade como um todo. O que ele quer é simplesmente que o eleito resolva o seu problema. Que arrume a sua vaga na creche, que dê o seu remédio, que lhe arrume um emprego e assim por diante. No fundo, tanto o araucariense quanto o americano médios são egoístas com os problemas alheios e buscaram candidatos bem sucedidos pessoalmente porque enxergaram neles aquilo que sempre quiseram ser.

A dúvida agora é saber se tanto Trump quanto Hissam conseguirão entregar a seus eleitores aquilo que prometeram durante a campanha. Ainda mais considerando que ambos terão que fazer administrações que satisfaçam a, por mais contraditório que isso possa parecer, interesses individuais de uma cidade inteira. Ou seja, o olhar individualista desses eleitores só irá reconhecer que a gestão de seu escolhido foi boa se a sua vida efetivamente melhorou. Para ele, pouco interessará se o governo foi bom para todos os outros moradores da rua. Se não foi para ele, que se dane o resto!

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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