O que não tem remédio…

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Estou em O Popular há treze anos. Neste período, já ouvi algumas dezenas de vezes que as autoridades estavam prestes a desocupar as áreas de ocupação irregular que se tornaram clássicas em nossa cidade, como Arvoredo, Israelense, 21 de outubro, Portelinha, Sapolândia e cercanias.

Das primeiras vezes em que ouvia a notícia de que a reintegração de posse daquelas áreas seria cumprida, confesso que criava certa expectativa. Afinal, desocupações são sempre tensas e qualquer movimento mal interpretado seja das famílias ou das autoridades pode dar início a um conflito de resultado incalculável.

No entanto, o tempo foi passando e das últimas vezes que a conversa sobre a reintegração chegava à redação sequer me dava ao trabalho de ir averiguar a veracidade da pauta. Isso porque essas ocupações tomaram proporções gigantescas. Hoje, calcula-se que só no Israelense morem em torno de mil famílias ou, em número absolutos, quatro, cinco mil pessoas. Pensem que essa quantidade de gente é superior ao número de habitantes de sessenta dos 399 municípios do Paraná.

A situação dessas ocupações chegou a um ponto de que o remédio da desocupação não poderia mais ser aplicado. E, como diz o ditado, o que não tem remédio, remediado está. E é justamente por isso que é muito bem vinda a notícia de que finalmente há um plano palpável para a regularização da área do Israelense, hoje a maior ocupação da região e uma das maiores, senão a maior, do Estado.

Comemorar a regularização, que se deixe claro, não é defender e nem incentivar que qualquer cidadão invada a terra alheia, seja ela pública ou, como no caso do Israelense, de propriedade particular. Muito pelo contrário. Essas ocupações precisam ser combatidas firmemente pelo Estado.

Entretanto, ao mesmo tempo em que precisamos defender a propriedade particular, é preciso também entender e reconhecer que a falta de uma política decente de moradia popular é um problema histórico desta cidade e que, nessas ocupações consolidadas não há mais o que se falar em reintegração ao Município ou ao particular. É preciso sim regularizar. Exigir que essas famílias paguem, dentro de suas condições financeiras, pelos lotes que ocupam e, em contrapartida, que tenham o Estado presente na região, tenham a escritura de seus imóveis e deem finalmente mais um passo para ter dignidade, cidadania.

Obviamente, a decisão de regularizar essas ocupações não pode ser vista como uma espécie de liberou geral a novas invasões. O Estado precisa ser firme na prevenção e combate a esse tipo de ação, congelando os extremos das áreas já ocupadas, para que novas famílias, bem intencionadas ou não, queiram aproveitar o momento para também tentar se garantir.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

 

Publicado na edição 1098 – 01/02/2018

O que não tem remédio...

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