A lei de Deus se refere aos dez mandamentos, recebidos por Moisés no Monte Sinai, e, tem como resumo, o amor a Deus e aos irmãos, como a si mesmo. É a famosa tábua da lei, tão cara e simbólica para o povo judeu, a Torá, que rege e dirige desde o início, o povo de Deus. Infelizmente, ao longo da história, essa lei foi sendo ampliada, chegando ao número absurdo de 613 leis. Para lembrar mais facilmente o número dessas leis, eles criaram 365 leis, como os dias do ano, contendo os preceitos sobre aquilo que deveria ser evitado. E mais 248, como os membros do corpo, e, que especificavam as leis que deveriam ser cumpridas. Alguns preceitos eram classificados como leves e outros como graves, mas a obrigação quanto à observância era rigorosa na mesma medida. As mulheres estavam dispensadas do cumprimento dos 248 preceitos positivos, mas, também para elas, ainda sobravam muitos, em demasia.
Um escriba se aproxima de Jesus para saber se ele tem consciência sobre a lei de Deus, e, pergunta, qual é o maior mandamento. O Mestre cita então, o texto desde sempre seguido pelos judeus: amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças. E acrescenta: e ao próximo como a ti mesmo. Coo se vê, Jesus tinha pleno conhecimento da lei, da Torá, retomando aquilo que foi desde sempre essencial e como guia do povo de Deus, ao longo do caminho pelo deserto e, depois, na terra prometida. O escriba fica impressionado com o conhecimento de Jesus, e, até o elogia. Até hoje, muitos judeus religiosos usam em seus braços e na sua cabeça, essa máxima da Torá. Infelizmente, na prática eles acabaram se perdendo em leis carregadas de proibições, que acabaram desviando o verdadeiro sentido da Torá.
Para Jesus, amar a Deus sobre todas as coisas, significa amar o próximo, como a si mesmo. Quem diz que ama a Deus que não vê e, odeia o próximo que está ao seu lado, é um mentiroso. Deus está presente na pessoa de cada irmão que passa ao nosso lado e, de modo especial, está presente naquele que sofre, que é marginalizado ou excluído da sociedade. Jesus vai mais longe, ao afirmar, que ele veio trazer o pleno cumprimento da lei, que se alarga no amor aos inimigos. Amar, querer o bem para quem também te retribui, é fácil, até os pagãos fazem, mas, amar a quem te destrói, a quem quer o seu mal e ainda rezar por ele, é realmente, muito difícil.
O evangelista Mateus vai resumir todo amor, no amor aos irmãos, pois, quem ama o seu próximo, naturalmente, ama a Deus. Pois, cada ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, e, portanto, Deus está presente nele. Passar pela vida fazendo o bem, ajudando a quem precisa, estando sempre pronto para servir, é a essência do cristianismo. A oração diária é muito importante, mas, a verdadeira oração que agrada a Deus, se traduz em gestos concretos de entrega, de doação, em prol dos mais carentes e necessitados. Não basta dizer Senhor, Senhor, para entrar no Reino dos céus, mas, traduzir essa oração, em gestos, em ações concretas de amor aos irmãos. Essa é a grande máxima da nossa vida cristã e dos ensinamentos pregados pelo Senhor Jesus! Abramos o nosso coração, e deixemos que Jesus habite dentro dele, e, nos transforme diariamente em pessoas cada vez melhores. Pessoas dispostas a amar, a fazer o bem, a passar pela vida semeando gestos e ações concretas de amor aos irmãos.
Edição n.º 1440.