O Pentecostes era uma festa judaica muito antiga, celebrada cinquenta dias depois da Páscoa: comemorava a chegada do povo de Israel ao Monte Sinai. Moisés tinha subido à montanha, tinha-se encontrado com Deus e recebido a Lei para ser transmitida ao seu povo. O povo de Israel se sentia muito orgulhoso por esse dom: afirmavam que, antes deles, Deus tinha apresentado sua Lei a outros povos, que, porém, a tinham recusado, preferindo seus vícios e desregramentos a uma vida pessoal e social digna de homens. Para agradecer a Deus por essa predileção, os israelitas tinham estabelecido uma festa: o Pentecostes.

Ao afirmar que o Espírito tinha descido sobre os discípulos justamente no dia de Pentecostes, o evangelista Lucas nos quis ensinar uma só coisa: que o Espírito tinha substituído a Lei antiga e se tornara a nova Lei para o cristão. Não é mais a festa da lei, mas, a festa do Espírito do Senhor, que continua vivo entre nós. É a grande festa do Espírito Santo, prometido por Jesus, para dar continuidade à missão. Durante todo esse período pascal, fomos nos preparando para a grande festa da Igreja. Porque é Ele que sopra sobre os apóstolos, reunidos no Cenáculo, por medo dos judeus e, os envia em missão. E ali nasce a Igreja, movida por esse sopro, que a acompanha desde o início e a acompanhará até o fim dos tempos.

O sopro do Espírito Santo sobre os apóstolos, infundiu neles a força e a coragem, para sair pelo mundo inteiro, anunciando a todos, a boa nova do evangelho. Jesus prometeu-lhes a sua presença, afirmando-lhes que nas horas difíceis, de perseguição e prisão, seria o Espírito a falar por eles. Só sua presença pode explicar a tamanha coragem que sempre acompanhou a missão dos apóstolos. Diante das enormes adversidades no início da pregação, eles não sucumbiram, pelo contrário, mantiveram-se firmes e fortes na fé. Assim também, os primeiros cristãos não esmoreceram, a ponto de muitos deles, darem a vida por Jesus. O sangue derramado por um cristão, era semente de novos cristãos, animados e guiados pela ação do Espírito Santo.

Presente desde o nascimento da Igreja, é o Espírito Santo que continua agindo e movendo os seus fiéis no caminho da vida. Ele esteve sempre presente ao longo de todo caminho percorrido pela Igreja durante estes 20 séculos. Certamente, sem a sua presença, a Igreja teria sucumbido, mas, pelo contrário, continua firme e forte. O próprio Jesus prometeu que não nos abandonará, mas, permanecerá conosco até o fim dos tempos. Nós, como membros da Igreja, fazendo parte desse corpo, somos passageiros, mas, o Espírito permanecerá para sempre.

Na festa do Pentecostes, a festa da Igreja, do Espírito Santo que a move, peçamos a graça da sua presença neste momento da história. Cremos que é o Espírito Santo que dirige os passos do papa, o sucessor de Pedro; dos bispos, os pastores das igrejas particulares; sobre os sacerdotes e sobre todo povo de Deus. Somos frágeis diante dos grandes desafios do mundo de hoje, mas, acreditamos na força do Espírito Santo, que sopra como quer e onde quer. Como membros de um só corpo, somos chamados a exercermos a nossa missão, movidos pela ação Espirito Santo. Vem, Espírito Santo, vem!

Edição n.º 1468.