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Professor Rafael de Jesus: Araucária e a imigração japonesa: parte II de II

Professor Rafael de Jesus: Araucária e a imigração japonesa: parte II de II

Privações materiais, hábitos excêntricos aos olhos nipônicos (como o caso do banho, muito mais apreciado pelos japoneses do que pelos nacionais), preconceitos, perseguições (especialmente no período da Segunda Guerra Mundial) e instabilidades políticas endêmicas tornavam tudo muito mais difícil.

Os japoneses resistiram como puderam. Muitos abandonaram as fazendas, alguns poucos voltaram para o Japão. Para aqueles que ficaram no Brasil foi fundamental a união. Por meio da poupança reuniram recursos que investiram na compra de pequenas e médias propriedades, normalmente voltadas à policultura, tornaram-se reimigrantes. Procuravam viver em comunidades como no caso da Fazendinha em Araucária, onde até hoje vivem famílias de japoneses e descendentes de japoneses dedicadas à produção de hortifrutigranjeiros. Plantações de batatas, tomates, pêssegos e granjas de aves, organizadas de acordo com a propalada eficiência japonesa, passaram a compor a paisagem do município. De acordo com a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:

“As primeiras famílias japonesas se estabeleceram na localidade de Capela Velha, próximo ao bairro da Estação, dedicando-se inicialmente à produção de batatas. Posteriormente, os japoneses optaram pela região da Costeira e da Fazendinha onde estão estabelecidos até hoje […] (ARAUCÁRIA, vol. 5, 2010, p. 106). ”

Foi na década de 1950 que as primeiras famílias de japoneses reimigrantes de São Paulo se estabeleceram na Fazendinha, tornando-se, por certo tempo, predominantes na localidade. As dificultadas eram muitas, a começar pelas estradas. Para se ter uma ideia mais clara, até a década de 60, apenas os proprietários de granjas possuíam eletricidade em suas propriedades, contraindo dívida quitada em até dez anos juntos à Companhia Força e Luz. Na antigo Clube Nipo-Brasileiro da Fazendinha os japoneses e seus descendentes tinham acesso a curso de japonês, além das atividades esportivas e festas típicas. Tudo para preservas a história e a cultura. Atualmente poucas famílias vivem na localidade.

A festa do pêssego e do ovo

Como não poderia deixar de ser, foi na Fazendinha que os japoneses e seus filhos organizaram as primeiras Festas do Pêssego em Araucária, ainda hoje lembradas com saudosismo pelos antigos moradores do município. A “Primeira Festa de Pêssegos” (como era inicialmente chamada) ocorreu em 1971. Em 1974, entre 5 e 6 de janeiro ocorreu a Segunda Festa do Pêssego, no mesmo ano, entre 13 e 14 de julho ocorreu a Primeira Festa do Ovo. Entre 20 e 21 de dezembro de 1975 as duas festas foram unidas se tornando a Festa do Pêssego e do Ovo, então transferida para outro local e realizada em parceria com a Prefeitura Municipal de Araucária. Essas festas eram amplamente noticiadas pelos principais jornais do estado do Paraná, demonstrando a força da comunidade nipônica junto a sociedade paranaense e a sua importância para o desenvolvimento econômico do estado.

Edição n. 1370

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