Houve um tempo em que as pessoas nadavam despreocupadamente no rio Iguaçu. No verão, chegavam até mesmo a tomar o banho de cada dia, com direito a toalha e sabonete. Jovens apaixonados faziam passeios de barco nas águas calmas do rio mais importante do Paraná. Atletas das mais variadas idades, de ambos os sexos praticavam esportes.

Nas suas margens o grande cientista e professor polonês Júlio Szymanski fundou um sanatório que atendia pessoas que buscavam tratamento para doenças do sistema respiratório entre outras morbidades Descansar às margens do Iguaçu era sinônimo de saúde. Ali perto senhores se dedicavam com paixão à arte da pescaria, ali pescavam, ali mesmo preparavam os peixes, servindo à família, sem se preocupar com a poluição das águas ou a contaminação do alimento.

Nos finais de semana o fluxo de pessoas só aumentava, muitos vindo de Curitiba e região, em busca de belas paisagens, de diversão e descanso. As lembranças dos mais velhos são testemunhas desse tempo. O conhecimento e a ação dos jovens será a garantia de um futuro melhor para o nosso Iguaçu. Voltaremos a nadar, pescar, brincar e descansar.

Memórias do sr. Cesar Trauczynski , que costumava escrever usando o pseudônimo de Pedro Bráz , sobre história, cultura e sociedade em Araucária .

Com águas cristalinas e límpidas e sem a poluição de hoje, o rio Iguaçu se constitui num dos pontos mais atrativos do passado, das famílias araucarienses e de visitantes de Curitiba [… ] . Na época de verão esse local, próximo à primeira ponte metálica, era bastante frequentado e tornava -se um ponto de atração turística, dada a quantidade de banhistas que se aglomeravam no local .

Entrevista do Sr. João Biscaia, concedida à Rádio Iguaçu, para o programa “Boca da Saudade”, realizada pelos entrevistadores Gláucio Karas e Luiz Paneke. Sr. Biscaia nasceu em 1926 em Campina da Barra, em 1951 casou-se com dona Rosa D. Biscaia com quem teve cinco filhos.

Legenda: E = entrevistador; JB = João Biscaia.
E – O sr. é nascido em Araucária, seu João?
JB – Nasci em Araucária, Campina da Barra.
E – Terra dos pescadores …
JB – Terra dos pescadores.
E – É dizem que lá em Campina da Barra tem muito pescador de carpa?
JB – É verdade, já foram, faleceram, já ouviu falar no Bola sete, gostava muito de jogar sinuca, aqui no bar do … Bola de prata…
E – Ele tem um irmão que mora ainda lá na Campina?
JB – Tem, o Pedro
E – Isso, o Pedro Silveira
E – E o seu João também pescava carpinha, seu João?
JB – Não, eu gostava mais de pescar o bagre, não saía do Iguaçu, aliás por sinal morara na beira do Iguaçu.
E – Mas o bagre tinha aquele esquema de pegar e colocar a vara pra dentro do rio, no meio dos gravetos pra pegar o bagre, ou pegava no anzolzinho mesmo?
JB – Não, numas varas comprida, então [?] puxava, não escapava.
E – Mas quase não tinha peixe no rio Iguaçu naquela época?
JB – Na minha época tinha muito peixe, tinha bastante, peixe sadio, muito gostoso, muito bom.
E – Além do Bagre, seu João, qual é os peixe que tinha?
JB – O bagre, o lambari, o cará, a taraira … a carpa é a turma mais profissional, eu já não gostava de pescar a carpa, é o bagre e o carazinho, esse que eu gostava de pescar, o lambari também …
E – Tinha bastante peixe, todos que vem ao programa contam com alegria muito grande as histórias das pescarias do rio Iguaçu, como era importante esse rio para Araucária.
JB – É muito importante mesmo, pena que hoje tá tudo poluído, né.
Lembranças do sr. Reinaldo Alves Pinto em entrevista concedida à historiadora e professora da UFPR, Roseli Boschilia, no dia 28 de agosto de 1990:
No verão a gente ia tomar banho, pegava seu sabonete, sua toalha, ia tomar banho no Iguaçu. Uma água que dava para beber, uma água limpa. A gente olhava assim o peixe, 5, 6 metros, num tanto assim de água a gente via, de tão limpo. Hoje a gente olha nesse rio é cor preta. Vê o que é poluição, […].
Trecho de matéria publicada no Jornal de Araucária, ano 1, n.3 em 7 de fevereiro de 1982:
Vai longe o tempo em que o rio Iguaçu era o paraíso dos pescadores. Hoje, suas águas poluídas estão acabando com a fauna aquática levando perigo às populações ribeirinhas e aos animais que tomam essa água.
REFERÊNCIAS:
BRÁZ, Pedro . Fatos Históricos do Passado . In : ARAUCÁRIA, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo . Os espaços de lazer em Araucária . Coleção História de Araucária, vol . 2 . Araucária : Museu Tingüi -Cuera , 2002 , p. 35 e 4

Edição n.º 1494.