A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) abriu um Processo Administrativo para que a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, gestora do Hospital Municipal de Araucária (HMA), envie relatório com detalhes a respeito da morte de uma bebezinha de 2 anos, ocorrida no último dia 26 de dezembro, após ser consultada no Pronto Atendimento Infantil (PAI), que funciona anexo ao HMA e também é de responsabilidade da Chavantes.
Pelo processo, a gestora também deverá enviar cópia dos prontuários. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, na última quinta-feira (29), a Santa Casa de Chavantes já havia enviado parte dos documentos para a SMSA. “Desde então, a Saúde está empenhada em analisar esta documentação, a fim de encontrar respostas sobre o ocorrido, inclusive já encaminhou o caso ao Conselho Regional de Medicina para análise”, explicou a Secretaria. A pasta acrescentou que a situação será analisada ainda por setores internos de sua estrutura, como a Comissão de Óbitos, que tem por objetivo verificar se todos os protocolos necessários para atendimentos possíveis que resultam em mortes foram adotados.
Sobre as circunstâncias que levaram a bebezinha a óbito, a Saúde explicou que, por conta do sigilo garantido por Lei do Prontuário Médico, especialmente por se tratar de menor de idade, a causa da morte não pode ser divulgada para a imprensa. “Importante reforçar que a criança foi atendida pela equipe médica do Pronto Atendimento Infantil (PAI) em todas as vezes que buscou atendimento, foi medicada e estabilizada. A bebezinha foi atendida por profissionais diferentes, por se tratar de atendimentos em plantões diferentes.
Nota
Após o ocorrido, a Santa Casa de Chavantes emitiu uma nota, manifestando profundo pesar pelo falecimento da criança. “O Hospital conta, assim como regem as normativas do Conselho Federal de Medicina (CFM), com um comitê de análise de óbitos, a fim de apurar as causas e a qualidade do atendimento. Este comitê já iniciou as análises no dia seguinte após o ocorrido. De maneira complementar, a Santa Casa de Chavantes também instaurou uma sindicância isenta, a fim de apurar as circunstâncias do óbito. Pela própria normativa das sindicâncias, e para que não ocorram interferências externas, é praxe o afastamento temporário dos profissionais envolvidos, o que foi prontamente realizado”, diz a nota.
Família pede respostas
Inconsoláveis com a perda prematura, a família da bebezinha diz acreditar que a morte foi causada por negligência dos profissionais que a atenderam. A avó da criança relatou que na sexta-feira (23/12), a netinha foi levada ao PAI com vômito e febre de 39 graus. Foi atendida pela equipe, que diagnosticou virose. Segundo ela, a filha relatou à equipe médica que a bebê já tinha vomitado bastante e que estava com dor na barriga. A médica plantonista a colocou no soro e depois deu alta, afirmando que a criança já estava medicada e a mãe não precisava se preocupar.
Ainda conforme o relato da avó, no sábado à tarde (24), a netinha retornou ao PAI e os médicos novamente ministraram soro, alegando que a criança estava com virose e desidratada por causa dos vômitos, e estava com dificuldades de engolir até água. No domingo (25), a avó comentou que a netinha passou mal de novo e foi novamente levada ao PAI. Com 39 graus de febre, a equipe médica novamente a colocou no soro.
“Quando medimos a febre em casa minha neta estava com 40 graus. Me revolta saber que ela saiu de dentro do hospital com febre de 39 graus e o médico disse que era normal, que tínhamos que esperar o remédio fazer efeito. Minha filha implorou que internassem minha netinha, disse que não aguentava mais voltar pra casa e ver ela passando mal e ter que voltar ao pronto atendimento. Eles insistiram que era apenas uma virose. Minha filha voltou pra casa no domingo de tarde e quando foi por volta da meia noite, minha neta começou vomitar de novo e chorar muito. E lá foram eles de volta pro PAI e mais uma vez mandaram elas para casa”, conta a avó.
Ainda de acordo com ela, por volta das 9h da manhã de segunda-feira (26), a netinha começou a ter desmaios e manchas pretas começaram a aparecer pelo seu corpo. A filha então chamou um Uber e foi para o PAI. Dentro do Uber ela chegou a ter uma parada e o motorista ajudou. “Chegando no pronto atendimento, se juntaram uns 15 médicos e enfermeiros pra pegar a minha neta e levar numa salinha, depois levaram a minha filha em outra sala. Depois de meia hora falaram que minha neta estava morta, que morreu por conta dos vômitos e desidratação. Por que não trataram essa desidratação na sexta, no sábado, nas vezes anteriores em que ela esteve no PAI? Como que eles mandam uma criança embora com manchas pretas no corpo e febre de 39 graus? Não tiveram coragem de fazer um exame sequer na criança. Minha filha foi muito mal atendida. Alguém tem que ser responsabilizado por isso. Queremos justiça!”, pediu a avó.
Foto: Carlos Poly.