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Trabalho de voluntários muda a realidade nas comunidades araucarienses

Foto: Raquel Kriger
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Você já pensou em fazer a diferença nesse mundo, dedicando seu tempo, talento e também distribuindo amor e compaixão? Sim, você consegue fazer isso através do trabalho voluntário, uma das formas de se envolver com causas que importam para a sociedade. Em Araucária, os voluntários têm sido fundamentais para mudar a realidade nas comunidades mais carentes. Eles atuam através da distribuição de alimentos, leite, pão, sopa, agasalhos, colchões, itens básicos de higiene, organizam campanhas, rifas, vaquinhas, ações solidárias e eventos comunitários, movidos por um único objetivo: ajudar ao próximo!

Os voluntários atuam por vários cantos da cidade, garantindo cobertura de atendimento para muitas comunidades. Não é raro ver essa “turma do bem” abdicando das suas próprias vidas para atender famílias que nem sequer conhecem, por pura empatia. Também são esses voluntários que se preocupam com as crianças, organizam festas em datas especiais, fazem campanhas de arrecadação de materiais escolares e brinquedos e tantas outras ações.

Celina do Carmo da Silva Wotcoski, 58 anos, carinhosamente conhecida como Tia Celina, é moradora do Jardim Fonte Nova, ela realiza trabalhos voluntários desde os 20 anos de idade. “Digamos que me tornei voluntária desde que percebi que ninguém é tão pobre que não possa doar e ninguém é tão rico que não precise receber algo. Quando vim morar em Araucária, dei continuidade ao trabalho voluntário que já desenvolvia no município da Lapa, cidade onde nasci e passei boa parte da minha vida. Não atendo apenas a região onde moro, sempre que chega alguma demanda ou pedido de outras comunidades, eu ajudo”, relata.

Um dos principais trabalhos da voluntária é a realização do projeto Natal Feliz da Tia Celina, que completou 10 anos em 2023 e já atendeu um número incontável de crianças. “Idealizei esse projeto que é um marco na minha trajetória como voluntaria, é organizado por um grupo onde todas as pessoas são voluntárias e colaboradoras. Realizamos o projeto há 10 anos consecutivos, sempre no sábado que antecede o Natal. Porém, para alcançarmos o objetivo de atender todas as crianças e famílias que participam da ação realizamos inúmeros eventos com a finalidade de arrecadar fundos, entre eles a feijoada, bazar, dia do pastel, rifas e também o livro ouro”, conta Celina.

O Natal Feliz, segundo ela, costuma atender aproximadamente 400 crianças e adolescentes por ano, além das mães acompanhantes. O grupo da Celina também atende famílias em situação de vulnerabilidade social e imigrantes, através de doações de alimentos, vestuários, móveis e eletrodomésticos. São cerca de 20 famílias atendidas por mês. “Realizamos muitas ações, mas um dos momentos mais marcantes nessa minha caminhada como voluntária foi durante a pandemia. Tive a certeza de que devemos fazer o bem sem olhar a quem, foram tempos onde a grande maioria das pessoas, principalmente as mulheres mães, perderam seu trabalho, seu ganha-pão. Aumentou-se muito a procura por doações, principalmente de alimentos, e foi a época que mais eu recebi doações para repassar a estas famílias. Inúmeras foram as pessoas que atenderam ao nosso pedido para que pudéssemos socorrer essas famílias que mais precisavam naquele momento. Ali eu tive a certeza que o trabalho voluntário salva-vidas e me fez seguir em frente”, declara a voluntária.

Mas nem tudo são flores nesse trabalho voluntário. Celina lamenta que em Araucária o número de pessoas que se dedicam diretamente ao trabalho voluntário ainda é muito baixo, por outro lado, afirma que quando provocadas, as pessoas sempre se solidarizam com a causa. “Precisamos exercer o altruísmo. Eu acredito que se vive mais e melhor quando se pratica a empatia!

A maior dificuldade de praticar o voluntariado é muitas vezes ou quase sempre, não ter um órgão próprio e competente que possa dar encaminhamento de fato para que as pessoas que momentaneamente estão precisando possam ter uma perspectiva de dias melhores. Então deixo aqui um convite para você que quer ser um voluntario e muitas vezes não sabe por onde iniciar ou diz não ter determinação para tal. Procure alguém que te inspire.

Ser voluntario é doar o que se tem de mais na vida, o tempo!”.

Trabalho de voluntários muda a realidade nas comunidades araucarienses
Tia Celina, moradora do Jardim Fonte Nova, ficou bem conhecida em Araucária com o projeto Natal Feliz

Leonilda (Léo) de Oliveira Tolomeotti, 46 anos, mora no Campina da Barra, porém seu trabalho voluntário ultrapassa as fronteiras do bairro. Ela conta que sempre gostou de ajudar o próximo, aprendeu isso em casa, e com o passar dos anos foi entendendo a importância dessa ajuda para quem a recebia. “Há seis anos, além das arrecadações de alimentos para as famílias, começamos fazer marmitas para entregar para os catadores de reciclagem que trabalham nas ruas de Araucária. Logo comecei a fazer os pães caseiros junto com minha mãe, a dona Luzia, e fomos para as comunidades. Entregamos uma média de 60 a 75 pães para os moradores. Foi assim que percebi a necessidade que havia de levar alimentos, e com ajuda de amigos, ainda organizo campanhas de arrecadação de alimentos para montar cestas básicas, kits gestantes, roupas, fraldas, tanto infantil quanto geriátrica, e entregamos kits de materiais escolares para as crianças”, conta a voluntária.

Léo, como é mais conhecida, disse que o forte do seu trabalho está no Campina da Barra, mas ela atende muitas famílias do bairro Capela Velha e carrinheiros de várias regiões da cidade. “Nunca vou me esquecer das primeiras marmitas que entreguei na rua, quando um catador de reciclagem bem velhinho, com seu carrinho já lotado, pegou na minha mão e disse: ‘Deus te abençoe menina, você acredita que eu pedi a Deus hoje por essa comida? Muito obrigado!’”, relembra a voluntária.

Ela diz ainda que todas as ações a emocionam bastante, mas as entregas para as crianças são maravilhosas. “A gratidão nos olhinhos me impulsiona a fazer cada vez mais”, declara.

Quando perguntamos para a voluntária se ela consegue calcular quantas pessoas, aproximadamente, já ajudou com seu trabalho voluntário, a resposta foi: “Só sei que foram muitas famílias atendidas e muitas crianças, em 12 comunidades de Araucária. São todas famílias em vulnerabilidade social. Mas não estamos sozinhos, uma vez que para fazer esse trabalho, dependemos de doações e sou grata a todas as pessoas que nos ajudam”, agradece.

Léo também lembra que durante a pandemia houve um número grande de pessoas sendo voluntárias e fazendo doações, quantidade que infelizmente reduziu bastante. “Seria muito bom ter mais pessoas ajudando, tanto nas ações quanto nas doações, porque é lindo esse movimento de solidariedade. Realmente, faz muito bem fazer o bem, sempre me sinto muito feliz e abençoada quando fazemos as ações e as entregas, é muito gratificante. Se você não pode ser um voluntário, nos ajude sendo um doador, sempre precisamos de alimentos, leite, trigo, produtos de higiene, fraldas e gás (para preparar os pães e as marmitas), material escolar e embalagens para marmitas”, convida.

Trabalho de voluntários muda a realidade nas comunidades araucarienses
Léo mora no Campina da Barra, mas atende vários bairros com seu trabalho voluntário / Raquel Krieger

Lurdes Delgado Fernandes, 58 anos, é voluntária na comunidade Portelinha. Ela faz esse trabalho desde 2002, começou quando percebeu a necessidade pela qual passavam muitas famílias. “Nós atendemos muitas pessoas da região do bairro Capela Velha através de ações como entrega de leite, Natal Solidário, cozinha solidária e tantas outras. Faço isso por amor, sinto prazer em ajudar o próximo”, diz.

A voluntária lamenta apenas a falta de apoio para que o trabalho voluntário se torne ainda maior na cidade. “Nem todos ajudam, talvez porque não sintam amor pelo próximo. Se fosse um trabalho mais valorizado, não faltariam voluntários para ajudar. Muita gente não tem ideia do quanto é gratificante poder fazer algo pelo outro, na maioria das vezes são coisas simples, mas que na vida dessas pessoas carentes, faz toda a diferença”, argumenta.

Lurdes menciona que pela sua mão já passaram milhares de crianças e que ela faz questão de ensinar aos seus filhos e netos o quão valoroso é este trabalho. “Plantei uma mudinha dessa minha experiência no coração dos meus próprios filhos, hoje estou ensinando minha neta de 8 anos a também dedicar um pouquinho do seu amor ao próximo, espero que essa atitude venha a servir de exemplo para muitos”.

Trabalho de voluntários muda a realidade nas comunidades araucarienses
Lurdes, da Portelinha, ajuda pessoas de vários bairros da cidade / Raquel Krieger