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As lendas são uma mistura dos fatos reais com a criatividade do ser humano, fazem parte da memória e constituem a identidade cultural de uma sociedade. Preservá-las é resguardar uma cultura inteira, para que as futuras gerações conheçam seu passado e possam compreender seu presente. Em Araucária, há diversas lendas urbanas que são contadas pela população e fazem parte da memória cultural da cidade. Entre elas, o Fantasma da Danceteria Studio Flash, a Noiva da Cachoeira, o Fantasma do Piano do Colégio Estadual Júlio Szymanski e o Casarão da Família Bettega.
E é sobre esta última que vamos tratar esta matéria. O casarão ficava na Avenida Primeiro de Maio, no bairro Estação. Segundo a servidora pública aposentada da Prefeitura Terezinha Poly, que é apaixonada pela história da cidade, a casa serviu de moradia para várias famílias, inclusive a do Lutero, que faz parte do corpo de baile do Teatro Guaíra e do Sr. Julio Padeiro e família, porém nenhuma dessas famílias teriam sido importunadas pelo sobrenatural.
“As pessoas contam que na janela do sótão havia uma mulher vestida de branco e uma criança junto, outros diziam ver uma mulher vestida de noiva e ela sempre estava na janela. Outros ainda falam que teria ocorrido um casamento na casa e que durante a festa a noiva se retirou para ir à casinha e foi seguida por um dos convidados, que a estuprou e em seguida fugiu. Quando ela retornou para a festa estava chorando e machucada, e quando contou o que aconteceu, o noivo abandonou a pobre coitada porque ela havia perdido a virgindade. Conta-se que outras pessoas, inclusive da própria família, passaram a hostilizar e ofender a noiva abandonada. A moça com vergonha, dor e desespero, pegou uma corda e enforcou-se. Uns dizem que ela se enforcou no sótão e outros dizem que foi na árvore dos fundos. Contam ainda, que um menino a achou, o que explicaria a criança sempre junto na janela”, relata Terezinha.
Ela ressalta que nunca ninguém mencionou o nome da moça ou da família, muito menos do noivo e do estuprador, embora alguns digam que era um tio e padrinho dela. “Muitas pessoas diziam sentir um arrepio de passar em frente à casa e outros tantos juram ter visto a mulher de branco na janela. Mas, como tudo sempre tem uma explicação, houve uma ocasião que os meninos de casa resolveram ir até lá, um dos meus irmãos foi também. Eles viram duas figuras brancas e decidiram chegaram mais perto. Então constataram que era uma coruja suindara e seu filhote, que tem penas brancas. Na época, o Glefferson Vinicius de Lima, marido da minha sobrinha, ainda moleque, fez algumas fotos da casa já vazia. Ele foi com uns amigos, pelo que me recordo no início dos anos 2000, e apesar de não terem visto nada de estranho, as fotos ficaram bem sinistras. E vai saber, afinal é um conto, e quem conta, sempre aumenta um ponto. No lugar da casa hoje está um depósito de uma distribuidora de bebidas”, conclui Terezinha.

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