Aos 19 anos, a estudante araucariense Adrielly Luiza Lima Marcelino, que sempre estudou em escola pública, foi aprovada para estudar Medicina pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), com bolsa de 100%. A vaga foi conquistada na Universidade Positivo. E não pensem vocês que foi fácil para a jovem chegar até aqui. Ela teve que abrir mão de muitas coisas, persistir e se dedicar de forma incansável aos estudos.
Adrielly fez o curso de formação docente (Magistério) no Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski, com duração de quatro anos. Concluiu o ensino médio em 2020 e no último ano participou do processo seletivo para o cursinho popular Superação, onde foi aprovada. “As aulas começavam em março de 2020, mas logo veio a pandemia e as aulas passaram a ser remotas. Os professores davam aula de casa e a gente acompanhava pelas plataformas digitais. Foi um pouco difícil pra mim no começo, no entanto, com o passar do tempo, fui me adaptando e tendo mais independência para estudar sozinha. O cursinho Superação foi muito importante pra mim, porque eles faziam correção de redações e isso me deu suporte”, explica a estudante.
Em janeiro de 2021 Adrielly deu mais um passo no sonho de cursar Medicina. Fez o ENEM, porém sua nota não foi suficiente. “Eu não queria desistir e sabia que agora precisava focar no vestibular da Universidade Federal. As aulas do cursinho Superação já tinham acabado, mas continuei estudando em casa sozinha. Em julho veio o vestibular da UFPR e infelizmente não passei. Me desanimei um pouco. Porém como minhas notas do ENEM tinham sido boas (980 em redação), eu consegui entrar para o curso de Enfermagem da UFPR e frequentei as aulas até a semana retrasada, quando percebi que com a minha nota do ENEM, seria possível entrar na Universidade Positivo pelo PROUNI (programa federal para acesso de estudantes as universidades privadas). Fiquei feliz e emocionada quando saiu o resultado dos aprovados para a bolsa e meu nome estava lá”, comemorou a jovem.
Rotina de estudos
No tempo em que se preparou para encarar o ENEM e os vestibulares, Adrielly estudou de forma incessante. Todo dia ela fazia cerca de 20 exercícios de matemática e pelo menos uma redação por semana. “Eu conciliava os estudos com os afazeres domésticos em casa, porque minha mãe trabalha fora, ela é educadora infantil, e tinha que ajudá-la a cuidar da casa”, relatou.
Antes disso, ainda com a nota do Enem, a estudante havia buscado uma bolsa pelo SISU, para tentar vaga em uma universidade pública, mas não foi aprovada.
“Durante todo esse tempo, eu confesso que várias vezes pensei em desistir, mas tive muito apoio da minha mãe. Eu dizia pra mim mesma que como já tinha vaga em Enfermagem na UFPR, pararia por aqui. Não tinha condições de bancar um cursinho pago e sem esse preparo, não seria possível entrar para o curso de Medicina. Minha mãe insistia pra eu não desistir, pois meu sonho sempre foi ser médica, nem que para isso eu tivesse que ficar cinco ou 10 anos tentando. Ela estava certa e isso me deu ânimo. E se não fosse a rede de apoio da minha família e da internet, através das pessoas que divulgam materiais, apostilas, elaboram vídeos explicativos para quem estuda em casa, eu não teria conseguido. Agradeço a todos que, direta ou indiretamente. me ajudaram a chegar até aqui”, disse a estudante.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1302 – 10/03/2022