O acesso ao mercado de trabalho para pessoas que passam dos 50 anos costuma ser, em geral, um pouco mais complicado. Para ajudar a quebrar barreiras e abrir portas para empregos formais à população dessa faixa etária, o Governo do Estado promove, por meio da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf), mutirões de empregabilidade específicos para pessoas acima dos 50 anos.
Neste ano, duas edições foram realizadas na Agência do Trabalhador de Curitiba. A primeira aconteceu em 26 de maio, com 960 vagas ofertadas por 14 empresas, resultando em 1.713 atendimentos, e 510 pessoas que já saíram da Agência pré-aprovadas para um emprego. A segunda edição, em 15 de setembro, disponibilizou 495 vagas de 11 empresas. Houve 994 atendimentos e 252 pessoas saíram pré-aprovadas para uma vaga, totalizando 752 encaminhamentos.
De acordo com o secretário Rogério Carboni, a iniciativa atende os objetivos da gestão estadual. “O governador Carlos Massa Ratinho Junior trata a geração de emprego e renda como prioridade no Paraná e atuamos para democratizar o acesso a um emprego formal”, explica. “Garantir que as pessoas que têm mais de 50 anos tenham carteira assinada e renda é um dos caminhos para reduzir desigualdades e garantir dignidade”.
ESTABILIDADE – Em tempos de preços elevados e custo de vida pesado um emprego formal faz toda a diferença. “Em uma das últimas empresas pela qual passei, a responsável pelo recrutamento elogiou minha experiência profissional e disse que me contrataria, no que dependesse dela, mas essa contratação precisou passar pelo encarregado direto do setor, que optou por um candidato mais novo”, relatou Maurício Menegusso, de 55 anos, que esteve no mais recente Mutirão de Empregabilidade 50+.
A chefe do Departamento do Trabalho da Sejuf, Suelen Glinski, destaca que o fator idade é um dos que afeta o acesso ao mercado. “Percebemos que as pessoas com 50 anos ou mais têm maior dificuldade de conseguir principalmente vagas formais. Isso foi mais acentuado com a pandemia, já que muitos perderam seus empregos e eram especialistas, ou trabalharam a vida toda em uma função e tiveram que migrar de emprego”, relata.
A situação também é percebida na ponta. “As empresas olham para nós, mais velhos, e avaliam que estamos perto demais da aposentadoria, ou que talvez não tenhamos como realizar esta ou aquela função devido à idade ou questões físicas, mas estamos com vontade de trabalhar e com necessidade, também”, complementa Menegusso.
SEM BARREIRAS – Rafael Santos, gestor da Agência do Trabalhador de Curitiba, destaca a relevância deste tipo de ação. “Nas Agências do Trabalhador, o fator idade não é um limitador de possibilidades de acesso a um emprego remunerado. Realizamos esses mutirões para aproximar os trabalhadores com mais de 50 anos dos empregadores. Isso facilita o acesso a um trabalho formal, porque elas podem fazer mais de uma entrevista em uma mesma oportunidade e têm a possibilidade de já conseguir o emprego no mesmo dia”, explica.
Em muitos casos, os mutirões também ajudam a evitar que a pessoa passe muito tempo sem emprego. Foi a situação de Aristides da Silva, que saiu da empresa onde trabalhava uma semana antes do Mutirão de Empregabilidade. “Já cheguei a ficar dois anos sem um emprego registrado, e dessa vez foi diferente”, comemora Silva. “A idade avançada muitas vezes é um empecilho, mas eu me sinto bem e forte, mesmo aos 62 anos, e esse mutirão é importante para conseguir uma carteira assinada”. Aristides começou em seu novo emprego em 22 de setembro.
PARANÁ – Dados da Sejuf mostram que ações de empregabilidade surtem efeito. No primeiro semestre deste ano, o Departamento do Trabalho da secretaria tinha registro de 4.735 cidadãos entre 50 a 64 anos inscritos nos sistemas das Agências do Trabalhador em todo o Estado. Destes, 4.343 foram colocados no mercado de trabalho. Também havia 385 pessoas com mais de 65 anos inscritas e 129 foram contratadas.
Nos primeiros seis meses do ano anterior, eram 3.918 inscritos e 3.635 colocados com idade entre 50 e 64 anos, e 223 inscritos e 89 colocados com idade a partir de 65 anos. Em 2020, no mesmo período, a quantidade de inscritos na faixa de 50 a 64 anos era de 5.748, sendo que 2.667 conseguiram colocação. Já entre as pessoas com mais de 65 anos, 297 estavam inscritas e 62 foram colocados.