A persistência traduz a luta contra os reveses da vida e a coragem, na acepção da palavra, demonstra força e amor superlativos. Essas são qualidades inerentes às duas super mães: Lucia Labres, 45 anos, e Suzana Garcia, 27 anos, que conversaram com a reportagem do Jornal O Popular para contar suas emocionantes histórias de maternidade. Através delas, a homenagem se estende a todas as demais mães, pelo dia das mães (14 de maio).
Lucia enfrentou todas as provações possíveis impostas pela vida para viver o sonho de ser mãe. Perdeu os pais quando tinha apenas 11 anos, foi morar com as irmãs, sofreu muito, e tempos depois acabou morando na casa do apresentador de TV Augusto Canário, onde trabalhou como babá de uma criança que foi achada no lixo que ele adotou. “Com 16 anos me casei e fiquei grávida por seis vezes, porém meu corpo não aceitava e eu sofria abortos. Com 18 anos consegui gerar e parir minha primeira filha, a Maria Helena, mas ela sobreviveu apenas 10 meses por ter nascido prematura e seus pulmões apresentarem problemas. Quando estava morando na Cidade Industrial de Curitiba, apareceram algumas crianças para eu adotar, mas não tive condições financeiras, inclusive uma delas foi adotada pela minha irmã. Até que um dia, após várias tentativas frustradas de engravidar, uma mulher que tinha acabado de gerar um bebê, chegou pra mim alegando que não queria o filho, então eu disse que cuidaria dele e o adotei. Hoje o Leonardo está com 25 anos”, conta a mãe.
Mas a parte mais emocionante dessa história é a que vem a seguir. Quando o filho adotivo de Lucia tinha 15 anos, ela conseguiu engravidar e levar a gravidez até o fim. “Meu filho nasceu de 8 meses, foi uma gravidez de alto risco. Quando o André completou 3 anos, descobri que ele era autista. Tive que parar de trabalhar pra cuidar dele. Hoje meu filho tem 10 anos, não se alimenta direito, não fala, mas é amoroso demais. Estou divorciada faz alguns anos, passei por inúmeras dificuldades, algumas que enfrento até hoje, mas não consigo sequer me imaginar sem meus filhos. Ser mãe pra mim é tudo”, diz Lucia.
Atualmente divorciada, Lucia é motorista profissional e também fez cursos de manicure e cabeleireira, vários ofícios que precisou deixar de lado para se dedicar exclusivamente ao filho com autismo. “Criei meus filhos sozinha, sem ajuda de ninguém. Ser mãe exige abnegação, exige sacrifícios, mas amo demais meus filhos e por eles faço tudo que está ao meu alcance. Sempre ensinei para os dois o verdadeiro sentido do amor e isso eles carregam no relacionamento entre eles. Por tudo isso me considero uma guerreira e uma boa mãe. Quando olho para trás e vejo tudo que já passei, com apenas 45 anos de idade, sinto que posso ser exemplo para muitas mulheres”, diz Lucia.
Onde cabe um, cabem 7!
Suzana Garcia tem sete filhos, dois são autistas, um com grau severo e outro com grau moderado. A vida dessa mãe, que veio morar em Araucária há cinco anos, não é nada fácil. O marido está desempregado e as dificuldades para manter a família são muitas. Mas se tem uma mãe que não desiste nunca, esta é a Suzana Garcia. Ela “faz das tripas coração” pra dar tudo que os filhos precisam, sejam coisas materiais ou amor.
“Graças a Deus conseguimos ajuda das pessoas e aqui em casa nossa família se vira como pode. Meus filhos sempre me fazem seguir em frente e por eles entendo que o pouco com Deus é muito. Não me importo de desistir de tudo pra cuidar dos meus filhos, eu os coloquei no mundo e eu devo criá-los, não importa a dificuldade. Jamais vou abandonar nenhum deles. Então, se a gente tiver que comer só arroz e feijão, nós vamos comer arroz e feijão todos juntos. O amor é a base da minha família e ser mãe pra mim é algo indescritível, vale qualquer sacrifício”, comentou.
Edição n. 1362