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A lei mosaica era muito dura, severa, e, claramente associava a doença com o pecado. Vemos isso no livro do Levítico, quando apesenta as leis do deserto, incluindo, de modo determinante a exclusão da sociedade daqueles que forem possuídos pela lepra. Todas as doenças eram consideradas pecaminosas, mas, nenhuma delas tinha tanta força e tanta condenação, como a lepra. O leproso era plenamente excluído da sociedade, e, devia viver distante, perambulando pelo deserto e gritando: ‘sou impuro, sou impuro’, afastando assim todos os que porventura dele quisessem se aproximar. Ele mesmo se auto excluía e carregava sob os seus ombros o peso do pecado, que nem ele mesmo sabia de onde vinha. Mas, a lei era clara e condenava quem porventura fosse possuído pela lepra, excluído da família e da sociedade.

Era realmente muito triste a situação de um leproso, pois, além da dor física, do sofrimento, carregava consigo a culpa de algum pecado escandaloso que o fez assim. Diziam os fariseus, os detentores da lei e cumpridores ferozes da mesma, que, caso não tenha sido ele o causador do pecado, ele estaria respondendo por um pecado dos pais ou de outros ancestrais. Jesus, no início da sua vida pública, se coloca ao lado dos pecadores, dos sofredores de todos os tipos de doenças e, especialmente, daqueles mais marginalizados pela sociedade. Para ele a doença é algo natural e não existe impureza numa pessoa que seja afetada por algum mal físico. Quando o leproso enfrenta a barreira causada pela sociedade e entra dentro da cidade, Jesus se aproxima dele com muito amor e misericórdia. Não teme tocar e nem ser tocado, porque para ele, a impureza não está fora da pessoa, mas, no seu coração.

A história do leproso que se joga aos pés de Jesus pedindo para ser curado, é realmente comovente. Todos os presentes ficam estupefatos com a fé e a coragem daquele leproso que ultrapassa as barreiras ferrenhas impostas pela sociedade e se aproxima do Mestre. Pede para ser curado, mas, de modo bastante humilde, com o coração aberto e cheio de fé, ‘se quiseres, Senhor, cura-me’. E a resposta de Jesus é desconcertante e profundamente libertadora: ‘sim, eu quero, fique curado’. E, imediatamente a lepra o deixou e ele começou a pular, a dançar, a louvar, a agradecer a Deus pelo milagre acontecido. Jesus, misteriosamente, pediu que ele não contasse para ninguém, mas, a notícia se espalhou em toda cidade. E, com certeza, aquele homem até então destruído totalmente na sua dignidade, agora livre, torna-se seu seguidor e vai levar a todos a Boa Nova do Reino. Torna-se um dos seus discípulos, movido pelo fogo do amor, vai, junto a Jesus, anunciar que a única lei que cura, que liberta e que salva totalmente o ser humano, é a lei do amor.

Jesus traz consigo uma nova lei, não mais baseada em preconceitos, em normas, mas, movida pelo amor que cura e liberta. Ele nos ensina que, como seus seguidores, sejamos conduzidos por um amor que traz vida nova e libertação, sobretudo, para os doentes e sofredores em nossa sociedade. A falta de amor gera exclusão e afastamento daqueles considerados pecadores, mas, o amor inclui, aproxima, gera nova vida. A lei que deve governar a nossa vida de cristãos é a compaixão, a ternura, a misericórdia. A exemplo do Mestre, que os nossos gestos sejam sinais do amor que cura e salva.

Edição n.º 1401

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