Araucária PR, , 20°C

Padre André Marmilicz: “O que Deus uniu, o homem não separe!” (mc 10,9)
Foto: Divulgação

No início do livro do Gênesis, sobre a criação do mundo, encontramos uma passagem maravilhosa sobre a união entre o homem e mulher. Depois de ter concluído toda a criação, Deus criou a mulher, da costela do homem e Adão exclamou então: “esta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne! Ela será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do homem”. E a conclusão é belíssima: ‘por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne’. E no evangelho de Marcos, Jesus retoma esse tema sobre o matrimônio, afirmando que desde o começo Deus os fez homem e mulher, e, o que Deus uniu, o homem não separe.

Desde sempre o ser humano é um ser social, que necessita do convívio, da relação, do encontro, pois, ele não consegue viver sozinho. Ninguém é uma ilha e, por mais que alguém diga que se vira sozinho, ele sempre precisa do outro. Sozinho ele simplesmente iria morrer, pois, necessita da comida feita pelos outros, da casa outros fizeram, da roupa produzida, enfim, simplesmente necessitamos uns dos outros. Mas, além dessa realidade social, pois, somos seres em relação, seres sociais, existe uma necessidade de complemento, de alguém com quem ele possa partilhar sua vida, sua história, dar continuidade à raça humana, através da procriação, de um afeto, enfim, de um companheiro, de uma companheira, para juntos trilharem um caminho de realização humana. Na medida em que ele encontra esse alguém com quer compartilhar essa vida, os sonhos e projetos, ele se autorrealiza e realiza o outro.

A vida a dois é o sonho do ser humano, mas, isso nem sempre é tão fácil. O dia a dia, os problemas que surgem, as dificuldades de diversos níveis, podem afetar negativamente um matrimônio. Mas, que torna-se essencial para que esse compromisso seja por toda a vida, até que a morte os separe? Entre tantos aspectos que movem a vida a dois, talvez, nenhum deles é tão determinante e fundamental, ou seja, o diálogo diário. Onde não existe diálogo, os problemas que surgem podem se avolumar e criar uma situação insustentável e dramática. Dizermos na gíria, quando surgem situações difíceis: ‘nada que uma boa conversa não resolva’.

O diálogo só é possível, onde existe humildade para admitir seus erros e falhas e, mudar de vida. A pessoa arrogante se coloca numa atitude de defesa e, não aceita ter errado. Sempre culpa o outro por aquilo que acontece ao seu redor. Diante dessa atitude, torna-se impossível o diálogo. A abertura ao outro, faz com que ele(a) aprenda a escutar também as suas ponderações, e, se necessário for, mudar sua própria atitude. A humildade é uma característica que acompanha as grandes pessoas, sempre abertas a aprender e, mudar de posição, se necessário for. Além disso, o modo de tratar o outro, sempre com respeito e ternura, aproxima o casal a ser capaz de se perdoar, de não guardar mágoas e ressentimentos.

É maravilhoso encontrar casais vivendo juntos a mais de 50, 60 ou 70 anos, felizes, realizados, e que continuam encantados um pelo outro. Certamente, ao longo de suas vidas sempre houve muito diálogo, muito respeito, muito perdão. E isso demonstra que é possível viver a dois até o último instante da vida, até que a morte os separe.

Edição n.º 1435.

Leia outras notícias