Cinco anos já se passaram desde que a então funcionária do Hipermercado Condor, Sandra Maria Aparecida Ribeiro, de 45 anos, foi morta durante uma discussão envolvendo o uso de máscara. Sandra morreu no dia 28 de abril de 2020, no auge da pandemia, e embora não tivesse contraído o vírus, foi a primeira vítima fatal da Covid-19 em Araucária. A forma como ela morreu chocou a comunidade e também gerou muita revolta e indignação.

Sandra era fiscal de loja e teve uma morte estúpida, quando tentava exercer sua função, orientando um cliente a colocar máscara para poder entrar no supermercado. Naquela ocasião, o uso da máscara havia sido declarado por lei como obrigatório, por conta da pandemia do coronavírus. A fiscal não conseguiu impedir o cliente de entrar e ainda tentou acalmar a confusão travada entre ele e os seguranças do supermercado. Porém, os ânimos esquentaram e o cliente tentou tomar a arma de um dos seguranças, momento em que um tiro foi disparado, atingindo Sandra. Ela foi socorrida por colegas, mas acabou não resistindo e morreu antes da chegada do socorro.

O cliente era Danir Garbosa. Ele ficou preso por algumas semanas, depois foi liberado mediante uso de tornozeleira eletrônica, e hoje responde pelo crime em liberdade. Isso mesmo! Acusado pela morte da funcionária, Danir foi absolvido após ter sido declarado inimputável. Em outras palavras, ele não chegou a ir à júri popular, já que sua defesa conseguiu, através de laudos periciais, provar que no dia do crime Danir não estava no gozo de suas faculdades mentais.

Atualmente, Garbosa cumpre apenas uma medida de segurança estabelecida pela Justiça, que consiste na obrigatoriedade de tratamento psiquiátrico compulsório, com a apresentação de laudos bimestrais à Justiça, os quais têm como objetivo monitorar a estabilidade mental do empresário.

Morte da funcionária do Condor completa 5 anos e família não deixa o crime cair no esquecimento
Foto: Divulgação. As cinco cruzes em frente ao supermercado simbolizam o 5º aniversário da morte da funcionária.

Impunidade

Cinco anos após o crime, ainda paira um sentimento de impunidade entre familiares e amigos de Sandra, os quais acreditam que ela perdeu a vida injustamente e ninguém pagou por isso.

O ex-marido de Sandra, Marino Rodrigues da Silva, faz questão de não deixar a data da morte da ex-companheira passar em branco. Todos os anos, em memória dela, e para que as pessoas também não se esqueçam, ele crava uma cruz no gramado que fica do outro lado da rua, em frente ao Hipermercado Condor.

“Este ano coloquei mais uma cruz na frente do supermercado e agora são cinco, simbolizando o aniversário da morte da Sandra. Ela deixou dois filhos, um deles é maior e tem sua vida independente, e outro é autista e vive sob meus cuidados, sem receber ajuda de ninguém. A perda dela ainda é muito presente em nossas vidas”, lamentou Marino.

Edição n.º 1463. Nina Santos e Maurenn Bernardo.