A história da Igreja Católica é fascinante, especialmente quando falamos dos seus primórdios. Sabemos das enormes dificuldades, das perseguições, das prisões e das mortes enfrentadas pelos cristãos nos primeiros séculos. Não existia um templo como temos hoje, pois, os cristãos se reuniam nas famílias, sendo uma verdadeira Igreja Doméstica. Além disso, as Catacumbas eram os lugares onde eles se encontravam para celebrar a partilha do pão e da palavra e onde enterravam seus entes queridos.

Somente com o decreto de Milão, por ordem do imperador Constantino, no ano de 313, a Igreja pode finalmente manifestar publicamente a sua fé sem ser perseguida.

A Basílica de São João do Latrão foi construída no século IV d.C., a partir de 314, por ordem do imperador Constantino e consagrada pelo papa Silvestre I em 324. Ela é considerada a Igreja mais antiga do Ocidente e a catedral da diocese de Roma. A construção começou após o imperador Constantino ter recebido os terrenos da família Laterani. A Basílica foi consagrada em 9 de novembro de 324. Ao longo dos séculos, a Basílica passou por diversas reconstruções e remodelações devido a terremotos, incêndios e outros eventos. Tive a graça de visitar essa Basílica por diversas vezes nos meus bons tempos de estudante em Roma. Linda e imponente a Basílica que foi a residência papal por cerca de mil anos! Apesar de a Basílica de São Pedro no Vaticano, inaugurada no dia 18 de novembro de 1626, ser o centro de muitas cerimônias, a Basílica de São João de Latrão mantém o título de catedral do Papa como bispo de Roma.

No dia 09 de novembro a Igreja celebra a Dedicação da Basílica São João do Latrão, sede de cinco Concílios Ecumênicos. Ano passado ela completou 1700 anos de existência e continua majestosa, entre as 6 maiores Basílicas do mundo. No entanto, a Igreja belíssima de pedras, nos faz refletir a imponência da Igreja de pedras vivas, que dela fazem parte todos os fiéis batizados. A Igreja de pedras é a memória viva de uma Igreja que se perpetua no tempo, formada por membros vivos e atuantes na sociedade e no mundo. Necessitamos de um Templo onde possamos nos encontrar, para manifestarmos em comunidade a nossa fé em Jesus e na Boa Nova do Reino que ele nos anunciou. Mas, mais do que pedras físicas, a Igreja é composta por membros de carne e osso, que anunciam com alegria o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Desta Igreja fazem parte todos os batizados, que procuram viver com amor o compromisso de serem sal da terra e luz do mundo. No dia do nosso batismo, recebemos a vela acesa, como símbolo da nossa fé.

Cada cristão é chamado a iluminar com sua vida o meio onde vive, proclamando através de palavras, gestos e ações, o imenso amor de Jesus pela humanidade. Recebemos também um pouco de sal, como símbolo do ânimo e do entusiasmo que deve ser a marca distintiva de cada cristão. Quando alguém anda desanimado, sem vontade de fazer nada, triste e abatido, costumamos dizer que é uma pessoa sem sal.

Ser sal da terra e luz do mundo, foi a missão confiada por Jesus a seus discípulos e hoje é um compromisso de todos os batizados. Como pedras vivas, conduzidas pelo espírito do Cristo Ressuscitado, somos chamados a sermos neste mundo, sinais do amor imenso de Jesus pela humanidade. Animados, vibrantes e entusiasmados, continuemos a nobre missão de instrumentos do imenso amor de Jesus.

Edição n.º 1490.