No próximo dia 20 de novembro, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), juntamente com as Secretarias Municipais de Governo; Cultura e Turismo de Araucária, promovem o 1º Festival Maria Águeda, das 14h às 20h.

Será um dia de intensa cultura, aprendizado e construção de um horizonte de expectativas de justiça racial para toda a nossa comunidade negra em Araucária. As atividades serão realizadas no Parque Cachoeira e contarão com a participação de importantes grupos do município que promovem o protagonismo das pessoas negras que aqui vivem.

O Dia da Consciência Negra foi instituído pela Lei Federal nº 14.759/2023, sendo considerado, pela primeira vez no ano passado, feriado nacional em todos os municípios, estados e Distrito Federal. A data escolhida é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que morreu neste mesmo dia em 1695.

Aqui em Araucária, segmentos do Movimento Negro optaram por nomear o dia de atividades como 1º Festival Maria Águeda, em uma inequívoca referência à nossa primeira heroína conhecida na história, que em 1804 teve a audácia de enfrentar a mais poderosa elite da região dos Campos de Curitiba em plena Praça da Matriz (hoje Praça Tiradentes, em Curitiba).

A seguir, trazemos depoimentos de três mulheres negras sobre suas expectativas em relação ao 1º Festival Maria Águeda.

Tia Celina do Carmo da Silva Wotcoski, representante da APP-Sindicato:
“A expectativa deste 1º Festival Maria Águeda é reverenciar o caráter, a luta e a resistência de uma mulher negra que, assim como tantas pessoas negras, utilizou a resistência para mostrar que somos capazes. Os desafios são os mesmos de sempre: ter o respeito e conquistar nossa visibilidade na sociedade.”
Professora Danuse Porciúncula Araujo, representante do Sindicato dos Servidores do Magistério

Municipal de Araucária – SISMMAR:

“Falar sobre o 1º Festival Maria Águeda é falar de memória, presença e futuro. Reconheço neste festival um marco histórico para nós, povo negro, porque ele materializa algo que há muito reivindicamos: o direito de celebrar nossas trajetórias com dignidade, centralidade e autoria. Ele simboliza a recuperação de histórias apagadas, o fortalecimento de identidades e a afirmação de que existimos para muito além das narrativas de dor. Aqui, olhamos para nossas expressões culturais, intelectuais e espirituais como potências que moldam o presente.

Enquanto mulher, participar do primeiro festival é também reafirmar a importância de ocuparmos espaços públicos com nossas vozes. É dizer que nossas produções artísticas, nossos saberes e nossas lutas merecem não apenas reconhecimento, mas políticas permanentes de incentivo.

As expectativas são grandes. Queremos que o festival se consolide como referência, que inspire jovens, movimente consciências e que fortaleça a autoestima de quem, tantas vezes, se viu deslocado das narrativas oficiais. Esperamos que este seja apenas o início de uma caminhada longa e firme, em que a cultura negra seja reconhecida como fundamento da vida social brasileira.

Também enfrentamos desafios importantes. Entre eles, garantir continuidade, financiamento e condições concretas para que este festival não seja um evento isolado, mas uma política de presença. É preciso enfrentar o racismo institucional que frequentemente limita o acesso a recursos, espaços e oportunidades. E é necessário sensibilizar setores da sociedade que ainda naturalizam desigualdades, para que compreendam a centralidade da cultura negra na construção coletiva do país.”

Andréa Aparecida Faustino, representante da Associação dos Servidores da Prefeitura do Município de Araucária – ASPMA:

“O Dia da Consciência Negra é uma data importante para nós, um momento de refletir sobre a história e a cultura do povo negro, bem como de lutar contra o racismo e a discriminação de um povo que é ignorado diariamente. Lutar contra essas injustiças, nessa data, ajuda a dar visibilidade e conscientizar a sociedade sobre um problema que nos afeta nos dias de hoje.”

Edição n.º 1492.