Ao passar pela avenida Victor do Amaral, a atenção do araucariense tem se dividido entre as lojas abertas ao público e o grande número de imóveis comerciais disponíveis para locação. Afinal, somente aqueles que apresentam placas ultrapassam dez unidades. Por isso, atendendo a pedidos de leitores do Jornal O Popular do Paraná, a redação entrou em contato com imobiliárias da cidade a fim de descobrir os motivos da situação e como elas têm enfrentado a crise.
De acordo com Angelita Nair de Souza, responsável pelo setor de locações da Imobiliária Barracão, a demanda por imóveis comerciais diminuiu este ano, o que afetou o mercado. “Nós vemos os comerciantes reclamando do movimento e também do aumento dos impostos e da taxa de luz, então isso tem influenciado na locação de novos espaços e também tem gerado atrasos no pagamento dos aluguéis”, afirma.
A mesma realidade tem preocupado Karim Traya, auxiliar do setor na Canadá Imóveis. “Se compararmos os resultados atuais com os do ano passado, veremos que a procura por imóveis comerciais diminuiu e que muitas empresas acabaram fechando”, conta. Além disso, ele garante que o setor residencial também não está em seu melhor momento. “Os valores solicitados pelos proprietários estão mais altos do que o mercado pode suportar e a maioria das locações que temos fechado são por meio de contrapropostas”.
Para Arlindo Odppis, proprietário da Odppis Imóveis, a questão do preço tem sido realmente o principal fator para a queda no número de alugueis. “As obras da Petrobras realizadas em Araucária há alguns anos inflacionaram muito o mercado, e os aluguéis deveriam ter diminuído assim que elas acabaram, mas isso não aconteceu”, explica. Para completar, ele acredita que novas construções financiadas pela Caixa Econômica e outros bancos fizeram com que muitos locatários migrassem para a casa própria, desocupando os antigos imóveis. “Então sobrou espaços disponíveis no mercado, e a tendência agora é baixar o valor”, pontua.
Ainda segundo ele, no caso específico dos imóveis comerciais, o problema é ainda mais complicado. “Com valores altos e a economia atual em recessão, as pessoas estão com medo de abrir novas empresas e de investir. Percebo isso principalmente no caso de salas comerciais usadas por dentistas, advogados e outros empresários, pois muitas delas estão inutilizadas neste momento”.
A solução
De acordo com Carlos do Valle, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Araucária (ACIAA), a instituição tem conhecimento da realidade do mercado imobiliário no município devido às obras da Petrobras e também da crise econômica atual. “Mas me parece que um caminho viável seja sentar, discutir o assunto e buscar soluções que envolvam tanto a classe empresarial quanto a política, todos pensando no bem comum do município. Por isso, vamos provocar um bate papo com eles”, promete.
Visão do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci)
Enquanto as imobiliárias se preocupam com a queda no número de aluguéis realizados este ano, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci Paraná) afirma que a situação não é desesperadora. “Sabemos que as locações diminuíram quase 15%, mas ainda existe um volume grande de procura que mantém o mercado em funcionamento”, explica Samir Traya, delegado distrital do Creci para Araucária.
No entanto, ele afirma que os valores de alguns imóveis precisam de uma reavaliação. “Se a procura diminui, os valores também precisam diminuir. O problema é que em muitos casos os preços continuam altos, e em grandes imóveis comerciais os proprietários ainda parecer ir pela contramão ao subir o valor sem levar em conta a realidade. Isso não pode acontecer”, aconselha.
Texto: Raquel Derevecki / FOTOS: EVERSON SANTOS