Anielly Binhara Fioravante, de 23 anos, passou por um procedimento cirúrgico inovador na área da Medicina. A mamãe descobriu no início do mês de outubro, durante uma ecografia, que seu segundo filho apresentava acúmulo de água nos pulmões, distúrbio chamado derrame pleural. A partir do diagnóstico, Anielly começou uma verdadeira corrida contra o tempo para salvar a vida do bebê, que ainda não estava preparado para nascer.
“Em minha primeira gestação não tive nenhum problema. O que está acontecendo agora foi uma surpresa”, conta a gestante. Com o estado clínico identificado rapidamente, os pais não ficaram parados e procuraram o Hospital Municipal de Araucária, em busca de informações, sendo imediatamente encaminhados para o Hospital de Clínicas, referência em gravidez de alto risco.
Em poucos dias de internamento, o caso começou a regredir, uma vez que após a drenagem do líquido presente nos pulmões do bebê, a equipe descobriu também uma quantidade considerável de gordura no órgão. O diagnóstico final dado pelos médicos para a família foi de Quilotorax Fetal. “O fato de ele ter desenvolvido isso com 30 semanas de gestação ainda é um mistério para os médicos”, diz Anielly. A doença é classificada como uma má formação no sistema linfático do feto. O mal normalmente incide em 1 a cada 10 mil bebês, sendo mais comum em fetos do sexo masculino.
Apenas 16 dias após o primeiro diagnóstico, Anielly passou pela conhecida cirurgia intrauterina. O procedimento é considerado de alto risco, contudo, a intervenção cirúrgica era a alternativa mais eficaz no tratamento de distúrbios em bebês ainda nos úteros de suas mães. “Em Araucária não existem médicos fetais, especialistas nessa área. Logo que fui internada no HMA surgiu uma vaga no Hospital de Clínicas, e graças a deus meu bebê foi salvo”, comemorou.
O bebê e a mãe sobreviveram ao procedimento, ambos passam bem e estão sendo acompanhados de perto pela equipe médica. A cirurgia intrauterina hoje custa em média R$ 110 mil, porém a família foi atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que continuará acompanhando a gestação de Anielly. Com 33 semanas de gestação, ela diz nunca ter imaginado que a Medicina estivesse tão avançada e próximo dela dessa forma. “Ele já estava com hidropisia, bem inchado dentro do meu útero. Ele sobreviveu, segue aqui comigo. Estou usando um dreno de cada lado da barriga agora” conta.
Apesar do sucesso na cirurgia, o bebê ainda corre riscos pela gravidade do seu quadro de saúde. ‘Estão usando todos os recursos para que não precise interromper a gestação. Ele corre grandes riscos. Quando nascer vai precisar de cirurgia imediata, além de um bom tempo na UTI neonatal”, lamenta Anielly.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1235 – 22/10/2020
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