Explicando a greve com Nietzsche

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São centenas as máximas deixadas pelo filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche. Algumas delas, com certeza, o prezado leitor já ouviu e talvez tenha até concordado. Eu também! E foi ao longo da última semana, acompanhando o movimento grevista que ocupou a Pedro Druszcz, no cruzamento entre a Fernando Suckow com a Archelau de Almeida Torres, que Nietzsche teimava em me vir à cabeça. Sensível como sou, entendi que esses flashes eram um sinal e coloquei-me a reler algumas coisas do filósofo alemão para melhor tentar entender a greve deflagrada pelos sindicatos.

A primeira máxima de Nietzsche que me veio à cabeça foi “todo idealismo perante a necessidade é um engano”. Todos sabemos que o motivo principal da deflagração da greve é financeiro. Os sindicatos querem – corretamente – mais dinheiro para seus sindicalizados. O problema é que este pensamento capitalista não tem apelo popular, vital num movimento cujo principal prejudicado é o povo. Logo, as entidades tentaram embutir no rol de reivindicações melhorias na estrutura de escolas, creches e centros de saúde. Parte dos que estão parados realmente estão preocupados com isso, mas a grande maioria não e é por isso que a greve não consegue apoio popular, pois o idealismo que os sindicatos tentam passar não é real é só fruto da necessidade mundana de suas almas.

A segunda pitada de Nietzsche que cai como uma luva neste movimento é “não devemos ter mais inimigos que as pessoas dignas de ódio, mas tampouco devemos ter inimigos dignos de desprezo. É importante nos orgulharmos de nossos inimigos”. Quem acompanha as declarações feitas ao microfone da greve logo chega à conclusão de que há muito de pessoal nas manifestações contra o gestor do momento. Àqueles que estão à frente do movimento não se orgulham do patrão-adversário, eles parecem ter desprezo por ele. E quando se despreza àquele com quem tem que se negociar é difícil chegar a uma composição boa para ambas as partes.

Também gosto da máxima de Nietzsche que diz “quem luta contra monstros deve ter cuidado para não se transformar em um deles”. Embora, particularmente, não pense que a batalha entre Prefeitura e sindicatos seja travada por monstros, vejo manifestações de ambas as partes que denotam esse sentimento com relação ao outro. Isso é preocupante, pois não devemos justificar nossas ações com base naquilo que o outro nos fez. Ao fazermos isso, a conciliação se torna ainda mais distante e é o que estamos vendo nesta greve.

Nietzsche tem outras diversas passagens que ilustrariam muito bem o momento de contenda que vemos na cidade, mas gostaria de encerrar com uma que, em minha opinião, resumirá perfeitamente o final desta briga: “a guerra emburrece o vencedor e deixa o vencido rancoroso”. E o que me entristece é que os dois lados nesta batalha, ao invés de duelar, deveriam é trabalhar em prol do cidadão araucariense e tendo em vista que quando tudo isto acabar teremos um vencedor burro e um perdedor rancoroso, quem continuará sofrendo, como sempre, é a população.

Comentários são bem vindos.  Até a próxima!

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