Grandes expectativas, grandes responsabilidades

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Conversava dia desses com uma conhecida quando ela me relatou um episódio que havia presenciado num centro de saúde de Araucária. O depoimento exemplifica parte do caos em que se encontra nossa cidade, mas demonstra também o tamanho da expectativa de parte de nossa população com o governo que está por nascer.

O episódio se deu no Centro de Saúde do Costeira, onde uma usuária da unidade estava em busca de um remédio de uso contínuo. Ela sempre retirara o medicamente ali, mas já há três meses ele estava em falta. Inconformada, ela ralhou com a atendente, xingou quem comanda a Prefeitura agora e, num desabafo extremo, disse em alto e bom som: “ainda bem que em janeiro vamos ter um prefeito novo e não vai faltar mais remédio aqui”.

Esse comentário me fez lembrar outro que ouvi na semana passada, quando comentei com um antigo vizinho que o orçamento da Prefeitura para o ano que vem não previu recursos para compra dos uniformes para os alunos da rede municipal de ensino. Ele meio que me deu de ombros e disse que isso não importava porque, se precisasse, o novo prefeito tirava do bolso esse dinheiro para compra dos uniformes.

Quem vivencia um pouco da administração pública, quem tem um pouco mais de discernimento sobre como funciona uma Prefeitura, obviamente, não vai exigir que o novo prefeito resolva os problemas de nossa cidade num passe de mágica. Ou seja, não há como esperar que apareçam remédios nas farmácias dos centros de saúde em 1º de janeiro. Da mesma maneira, é óbvio que o novo chefe do Executivo não vai tirar dinheiro do bolso para custear uniforme ou qualquer outro serviço para atender nossa comunidade. Ele não foi eleito para isso. Não precisamos de um filantropo, até porque ele não tem essa característica. Precisamos é de um gestor. E resolver os problemas de um Município por meio de uma gestão adequada demanda tempo.

O que tenho certo receio, no entanto, é se a população, principalmente aquelas que mais carecem do Estado, está disposta a esperar. O novo prefeito assumirá o comando de nossa cidade respaldado por uma votação histórica. Tamanha quantidade de votos, por consequência, exigirá dele muito mais compromisso do que se tivesse ganhado a eleição por uma pequena margem de votos. Tamanho respaldo das urnas fará com que sua gestão seja ainda mais exigida do que a atual, que foi eleita com praticamente um terço dos votos válidos naquela eleição.

Ao novo prefeito não será oportunizado o erro, apesar de isso ser algo natural a todos os humanos, já que o eleitor muitas vezes é injusto com seus eleitos. Infelizmente o voto é exercido muito mais de maneira passional do que racional e, por isso, o que é amor no dia da eleição pode se tornar ódio tão logo o eleito se sente na cadeira de prefeito e Hissam precisa ter isso em mente desde já, na escolha de sua equipe e na concepção dos primeiros atos de governo. Até porque, Araucária não é um lugar comum. O cargo de chefe do Executivo municipal aqui é uma máquina de moer gente, pois a nossa fama de cidade rica acaba com qualquer discurso de que não há dinheiro para isso ou para aquilo, muito embora, aquele que conhece um pouco mais a fundo as finanças públicas, sabe que, pelo menos em curto prazo, isso é sim verdade.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Boa semana a todos e até uma próxima.

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