A mãe de uma das crianças do CMEI Maria Arlete Bregenski Vaz, em Guajuvira, que foram trancadas e esquecidas dentro de um micro-ônibus escolar em março deste ano, procurou a reportagem do Jornal O Popular para denunciar o fato de os culpados ainda não terem sido punidos. Segundo ela, todos os envolvidos já prestaram depoimento e nenhuma providência foi tomada, a empresa apenas pagou uma multa e continua trabalhando para o Município, como se nada tivesse acontecido.
“O motorista do micro-ônibus e a monitora também seguem trabalhando normalmente com crianças. Na minha opinião, esse motorista deveria perder o direto de dirigir, ter a CNH suspensa. Ele e a monitora deveriam ser punidos e pagarem com serviços comunitários. A vida de dois inocentes ficou à mercê desses dois profissionais. Isso não pode passar em branco, só uma multa para a empresa foi pouco, a Secretaria de Educação tinha que rescindir o contrato. E se meu filho tivesse morrido, se alguém tivesse pego as crianças, se fossem para a linha do trem ou em direção ao rio? Nada importa pra eles, com certeza se fossem filhos de políticos os culpados já teriam sido punidos”, disse a mãe, em tom de revolta.
A reportagem do Popular entrou em contato com o Departamento Municipal de Transporte Escolar para apresentar as denúncias feitas pela mãe e saber que providências foram tomadas após o ocorrido. Segundo o departamento, não foi possível rescindir o contrato com a terceirizada, em respeito à lei de licitações. “A empresa recebeu uma multa, conforme previsto em edital”, justificou.
Quanto a punição para os profissionais envolvidos, disse que essa responsabilidade cabe à empresa para a qual eles trabalham, mas que só poderá ser aplicada após tramitado e julgado o processo que corre na Vara Cível, movido pela mãe do aluno. Lembrou também que a monitora foi afastada de suas funções.
O Departamento ressaltou que, após o ocorrido, a SMED ofereceu orientação jurídica para a mãe e a empresa de transporte escolar está arcando com as despesas do acompanhamento psicológico da criança. “Desde o ocorrido, o garoto está indo para a escola com transporte exclusivo, fornecido pela SMED, até que ele receba alta do tratamento psicológico e esteja apto a retomar com o transporte escolar”, explicou a secretaria.
Relembre o caso
No dia 10 de março deste ano, uma empresa de transporte escolar da cidade que presta serviço para a SMED, esqueceu um garotinho e uma garotinha de apenas 4 anos, trancados dentro de um micro-ônibus. As crianças embarcaram no transporte por volta das 7h, na porta das suas casas, no Campestre e no Campina das Pedras, e no momento da chegada ao CMEI Maria Arlete Bregenski Vaz, em Guajuvira, não desembarcaram.
Segundo informações, isso ocorreu porque os dois estariam dormindo nesse momento. O grande problema é que tanto o motorista do micro-ônibus quanto a monitora, não teriam se dado conta da falta dos pequeninos. E sem conferir se todos os ocupantes haviam desembarcado, eles trancaram janelas e portas e se afastaram do veículo. Um tempo depois, no momento em que as crianças acordaram, entraram em desespero, começaram a chorar e a gritar. Como se trata de uma área rural, a movimentação de pessoas não é constante, por isso as crianças ficaram presas no interior do veículo por cerca de cinco horas, até serem encontradas.
Felizmente o funcionário de uma agropecuária que fica nas proximidades acabou ouvindo um choro forte, se aproximou do veículo e ao perceber que dentro dele havia duas crianças trancados, chamou ajuda e conseguiram arrombar a porta. Os pequeninos foram retirados do veículo e levados até o CMEI.

Mãe de criança esquecida em transporte escolar pede justiça e punição aos culpados