Desde segunda-feira, 7 de julho, os moradores de Araucária vêm sendo surpreendidos por relatos e mais relatos de situações de maus-tratos que eram praticados dentro do Centro de Educação Infantil Shanduca, localizado no bairro Iguaçu.

O primeiro caso que veio à tona foi o de uma criança de apenas quatro anos que era mantida amarrada dentro de um banheiro da instituição, que agora vem sendo chamada de “escolinha da tortura”. O menino foi resgatado pela Guarda Municipal e pelo Conselho Tutelar.

O pequeno tem diagnóstico de autismo e sua condição era de conhecimento da instituição. Os pais acreditavam que ele estava sendo bem cuidado pelos professores do local. Descobriram da pior forma possível que isso não era verdade.

Maus-tratos a alunos parecia ser rotina na “escolinha da tortura”
Foto: Divulgação. Localizada no tranquilo bairro Iguaçu, Escola Shanduca é acusada de ser o palco de crimes horrendos contra seus alunos.

O caso resultou na prisão em flagrante de uma jovem que seria a professora do menino. Nesta quarta-feira (9), porém, a Justiça concedeu a ela prisão domiciliar com uso de tornozeleira. A mulher tem apenas 18 anos e uma filha de quase dois anos. Atuava como assistente de sala de aula, nem ensino superior possui.

Assim que o caso dessa primeira criança veio à tona, vários outros relatos de maus-tratos dentro da “escolinha da tortura” começaram a aparecer. Entre eles está o de uma menina de apenas 3 anos, que também tinha as mãos amarradas com fita crepe pela direção da instituição. Quem enviou a imagem a esse pai também lhe afirmou que sua filha era vítima de violência praticada por uma pessoa identificada como Dani.

Mas quem é Dani? O nome vem surgindo várias vezes nessa história. Uma pessoa que trabalhou na Shanduca entrou em contato com nossa reportagem e relatou que a prática de maus-tratos incluía também o não fornecimento de alimentação em quantidade suficiente para os alunos, muito embora os pais pagassem por isso.

Essa ex-funcionária contou ainda que havia um dia na semana em que as crianças podiam ir fantasiadas e levar um lanche especial de casa. Relatou, porém, que a pessoa chamada Dani pegava parte do lanche das crianças para si e outros professores. Acrescentou que Dani mentia aos pais que os alunos tinham aula de balé, educação financeira, educação ambiental. Por fim, afirmou que Dani vendia ter influência na cidade e ameaçava os funcionários dizendo que eles não conseguiriam trabalho em nenhum outro lugar caso externalizassem o que acontecia dentro da “escolinha da tortura”.

A Dani que vem sendo mencionada tantas vezes é a proprietária da escola. Seu nome completo é Danieli Alexandra Zimermann Padilha. Ao longo dos últimos anos ela tem aparecido muito em Araucária. Apresenta-se como terapeuta infantil. É, inclusive, membro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e vice-presidente de uma ONG que atua na cidade com ações de incentivo a adoção.

O Popular tentou contato com Dani, mas ela não nos retornou. Segundo apuramos, o CMDCA também a afastou cautelarmente das atividades do órgão tão logo os relatos de maus-tratos na Shanduca surgiram.

Sobre o rumo das investigações, a Delegacia de Polícia Civil informou que trabalha em duas frentes. A primeira para concluir o inquérito deflagrado com a prisão da funcionária da escola na segunda-feira. Paralelamente a isso, no entanto, será aberto um novo inquérito para investigar todas as denúncias que vem surgindo em relação a Escola Shanduca.

Funcionamento

No campo administrativo as investigações com relação a Escola Shanduca já começaram. Na terça-feira mesmo (8) a Secretaria Municipal de Educação (SMED) oficiou ao Conselho Municipal de Educação (CME) pedindo que fosse analisado em caráter de urgência a possibilidade de suspensão cautelar do funcionamento da instituição. A direção do CME abriu um procedimento administrativo nesta quarta (9) e convocou uma reunião extraordinária para essa quinta-feira (10), às 10h. Nesse encontro deve ser decidido sobre a suspensão da autorização de funcionamento da instituição.

Edição n.º 1473.