Opinião “verde” numa discussão madura

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Um dos grandes problemas de Araucária, a meu ver, é que os políticos locais teimam em ignorar a nossa inteligência e, o pior, fazem isso com uma desfaçatez impressionante.

Nas últimas semanas, por exemplo, a cidade foi tomada pela discussão acerca da quantidade ideal de vereadores que nossa Câmara precisa para exercer bem o seu papel legislativo e de fiscalização. Há, não preciso dizer, um claro descontentamento das marias e joãos araucarienses com o trabalho prestado pelo nosso parlamento. E é esse descontentamento que faz com que nove em cada dez cidadãos comuns desta gentil tindiquera não aceitem em hipótese alguma qualquer ampliação de vagas no Poder Legislativo e isto não se discute mais. É essa a opinião da população e qualquer um que ouse tentar manobrar para reajustar as cadeiras da Câmara estará tramando contra nossos moradores.

Dito isto, voltamos à desfaçatez de nossos políticos. Esta semana, como todos sabemos, houve uma audiência pública em nossa cidade para discutir a questão do número de vereadores. Dezenas de pessoas se manifestaram naquele democrático encontro. De todas elas, apenas duas defenderam que tenhamos mais vereadores. Uma destas foi a ex-deputada Rosane Ferreira (PV). A fala dela foi um equívoco histórico, que – em minha opinião – mancha sua história nesta cidade. Rosane fez uma defesa corporativista da situação e, o pior, manobrou a Constituição para tentar dar ares de moralidade à defesa corporativista dos pré-candidatos do PV. Digo isso porque a ex-parlamentar insistiu na tese de que precisamos ter mais vereadores porque nossa carta máxima assim determina. Disse mais! Que, com onze edis, estamos tendo a representatividade de uma cidade entre quinze e trinta mil habitantes.

O discurso, a meu ver, pobre de Rosane não foi totalmente verdadeiro. Digo isso porque ao citar a Constituição ela se esqueceu de citar que tal legislação jamais cravou, ou como dizem atualmente, “lacrou” o número de vereadores que cada cidade brasileira tem que ter. Muito pelo contrário, a Constituição estipula um mínimo e um máximo de cadeiras com base na população de cada município. Ou seja, no caso de Araucária, ao contrário do que a ex-deputada disse, a Constituição não disse que devemos ter dezessete vereadores. Diz sim é que podemos ter “no máximo” dezessete. A única imposição que a Constituição faz é que tenhamos um mínimo de nove edis.

Aliás, penso que o legislador ao prever tal emenda o fez justamente para que os moradores de cada cidade fossem chamados a discutir a questão, pois numa democracia plena é assim que deveria ser. Aqui em Araucária, infelizmente, não fomos chamados a debater o assunto anteriormente. Estamos participando agora por iniciativa nossa e não de nossos políticos. Tivemos que exigir esse direito na marra e acredito que o araucariense já deixou claro que, neste momento, para nossa cidade, o número de adequado entre nove e dezessete, que são as opções oferecidas pela Constituição, é a manutenção dos vereadores em onze. Nenhum vereador a mais e nenhum a menos.

Cimentado este assunto, a torcida que fica agora é que Rosane, uma das melhores representantes da política araucariense na atualidade, defenda com a mesma veemência que defendeu a ampliação das cadeiras na Câmara, outros itens de nossa Constituição, como o acesso universal à educação e à saúde, o direito à moradia, à segurança pública, entre outras coisas. Ao fazer isso, tenho certeza, ela gastará sua energia em algo bem mais importante para a nossa comunidade na atualidade.

Até uma próxima. Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br.

Compartilhar
PUBLICIDADE