Araucária PR, , 14°C

Padre André Marmilicz: A força da semente

Imagem de destaque - Padre André Marmilicz: A força da semente
Foto: Divulgação

Jesus se utiliza de parábolas para falar do Reino de Deus. São imagens e exemplos muito conhecidos pelos cidadãos da sua época. Como era uma sociedade altamente agrícola, ele recorre a realidades vividas pelo povo da época. Talvez hoje Jesus usaria imagens bem diferentes, pois, o nosso mundo é altamente tecnológico. Mas, o evangelho foi escrito há dois mil anos atrás e deverá ser interpretado para a realidade hodierna. É uma linguagem analógica, onde se fala de uma realidade determinada, com o objetivo de atingir uma outra. Esse modo de falar de Jesus criava em seus seguidores uma clareza prática e os levava a viver de modo diferente. Ou então, abria seus horizontes para ver a vida a partir de uma nova ótica.

Jesus compara o Reino de Deus com o semeador que prepara a terra, semeia a semente e depois vai dormir, esperando o dia da colheita. A ação do agricultor é mínima, requer tempo breve, somente no início e no final do processo. A maior parte do tempo, ele não faz absolutamente nada, somente acompanha o processo de desenvolvimento da semente que inicialmente se manifesta, depois vai crescendo, amadurecendo, até o momento da colheita. A semente, para desabrochar, não depende do semeador, pois ela tem a força dentro de si mesma para crescer e se desenvolver. Ele apenas cuida para que a semente não seja sufocada por ervas daninhas, e, torce para que o tempo colabore, num equilíbrio entre a chuva e o sol suficientes para o seu pleno desenvolvimento.

Assim também acontece com o grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Ao ser lançada na terra, ela incrivelmente começa a se desenvolver e atinge um tamanho inimaginável, por ser algo tão minúsculo, quase que imperceptível. A força que brota do seu interior, faz com que ela atinja um tamanho tal, que os pássaros do céu possam vir e se abrigar debaixo dos seus galhos. Jesus se serve do exemplo dessa semente, para nos mostrar que as pequenas coisas neste mundo, realizadas com amor e paixão, podem realizar coisas extraordinárias na vida das pessoas e nas comunidades. Não são os grandes feitos que realizam o Reino de Deus, mas, os pequenos gestos diários, feitos com amor e alegria, que transformam realidades sombrias, e criam ambientes positivos em nossas famílias e em nossas comunidades.

Nossa Senhora não fez coisas extraordinárias, mas viveu no ordinário da sua vida com amor, alegria, humildade, aquelas coisas simples e corriqueiras. Santa Terezinha do Menino Jesus mostrou sua grandeza, realizando com amor, em nome de Jesus, as pequenas tarefas cotidianas. A vida dos Santos é repleta desses exemplos. O papa Francisco vai dizer que a santidade brota no coração das pessoas, a partir do modo como realizam os pequenos desafios do cotidiano. No modo de tratar as pessoas, de acolher, no sorriso sincero e verdadeiro, no interesse pelo mundo do outro, a fim de ser uma presença positiva e transformadora. Assim como a semente, lançada na terra, tão pequena e quase que invisível se transforma em árvores frondosas e imponentes, a nossa vida se torna grande, importante, a partir dos pequenos gestos do dia a dia, realizados com amor e ternura. Assim como a semente tem a força dentro de si mesma, nós também temos dentro do nosso interior, uma força capaz de transformar realidades. Deixemos que essa força nos transforme cada dia mais, em pessoas melhores.

Leia outras notícias
EURO EMPREENDIMENTOS