Jesus se utiliza de parábolas para falar do Reino de Deus. São imagens e exemplos muito conhecidos pelos cidadãos da sua época. Como era uma sociedade altamente agrícola, ele recorre a realidades vividas pelo povo da época. Talvez hoje Jesus usaria imagens bem diferentes, pois, o nosso mundo é altamente tecnológico. Mas, o evangelho foi escrito há dois mil anos atrás e deverá ser interpretado para a realidade hodierna. É uma linguagem analógica, onde se fala de uma realidade determinada, com o objetivo de atingir uma outra. Esse modo de falar de Jesus criava em seus seguidores uma clareza prática e os levava a viver de modo diferente. Ou então, abria seus horizontes para ver a vida a partir de uma nova ótica.
Jesus compara o Reino de Deus com o semeador que prepara a terra, semeia a semente e depois vai dormir, esperando o dia da colheita. A ação do agricultor é mínima, requer tempo breve, somente no início e no final do processo. A maior parte do tempo, ele não faz absolutamente nada, somente acompanha o processo de desenvolvimento da semente que inicialmente se manifesta, depois vai crescendo, amadurecendo, até o momento da colheita. A semente, para desabrochar, não depende do semeador, pois ela tem a força dentro de si mesma para crescer e se desenvolver. Ele apenas cuida para que a semente não seja sufocada por ervas daninhas, e, torce para que o tempo colabore, num equilíbrio entre a chuva e o sol suficientes para o seu pleno desenvolvimento.
Assim também acontece com o grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Ao ser lançada na terra, ela incrivelmente começa a se desenvolver e atinge um tamanho inimaginável, por ser algo tão minúsculo, quase que imperceptível. A força que brota do seu interior, faz com que ela atinja um tamanho tal, que os pássaros do céu possam vir e se abrigar debaixo dos seus galhos. Jesus se serve do exemplo dessa semente, para nos mostrar que as pequenas coisas neste mundo, realizadas com amor e paixão, podem realizar coisas extraordinárias na vida das pessoas e nas comunidades. Não são os grandes feitos que realizam o Reino de Deus, mas, os pequenos gestos diários, feitos com amor e alegria, que transformam realidades sombrias, e criam ambientes positivos em nossas famílias e em nossas comunidades.
Nossa Senhora não fez coisas extraordinárias, mas viveu no ordinário da sua vida com amor, alegria, humildade, aquelas coisas simples e corriqueiras. Santa Terezinha do Menino Jesus mostrou sua grandeza, realizando com amor, em nome de Jesus, as pequenas tarefas cotidianas. A vida dos Santos é repleta desses exemplos. O papa Francisco vai dizer que a santidade brota no coração das pessoas, a partir do modo como realizam os pequenos desafios do cotidiano. No modo de tratar as pessoas, de acolher, no sorriso sincero e verdadeiro, no interesse pelo mundo do outro, a fim de ser uma presença positiva e transformadora. Assim como a semente, lançada na terra, tão pequena e quase que invisível se transforma em árvores frondosas e imponentes, a nossa vida se torna grande, importante, a partir dos pequenos gestos do dia a dia, realizados com amor e ternura. Assim como a semente tem a força dentro de si mesma, nós também temos dentro do nosso interior, uma força capaz de transformar realidades. Deixemos que essa força nos transforme cada dia mais, em pessoas melhores.