Depois de 40 dias, Jesus sobe ao céu e volta para a casa do Pai. E, aquilo que poderia ser uma despedida de alguém que se foi para nunca mais voltar, é, na verdade, a festa do compromisso. O Espírito de Jesus permanece em nosso meio e, nos impulsiona, nos anima a continuarmos aquilo que ele pregou, através de palavras, mas, também de gestos e ações, enquanto estava fisicamente em nosso meio. Agora ele nos deixa materialmente falando, mas, o seu espírito permanece para sempre entre nós. E é ele que encoraja, incentiva e desafia os apóstolos a saírem pelo mundo inteiro, levando o evangelho, a boa nova por toda a terra, a toda criatura.
Durante 3 anos Jesus pregou o evangelho, como enviado do Pai, às margens do mar da Galileia. Foram anos intensos, como se Jesus tivesse pressa para falar tudo o que tinha que falar, a fazer todas as obras que tinha que fazer, a espalhar o grande amor do Pai pela humanidade. Em três anos ele revelou o rosto do Pai, e, nos mostrou um rosto plenamente humano, compassivo, cheio de ternura e misericórdia. Foi ao encontro dos mais necessitados, pregou a boa nova aos sofredores, marginalizados e excluídos da sociedade da época. Falou que os pecadores eram os preferidos do Pai, porque não são os sadios que precisam de médico, mas os doentes. Suas palavras mexeram com os detentores do poder político e espiritual, porque ele sempre andava na contramão, preocupado com o bem estar de todos, sobretudo, com os mais sofredores.
Antes da sua partida física desse mundo, ele comprometeu seus apóstolos a darem continuidade à sua missão: ‘ide pelo mundo inteiro e pregai o evangelho a toda a criatura’. Um verdadeiro desafio, que, imagino eu, deve ter deixado os apóstolos de ‘orelha em pé’. Eram apenas 11, mas animados pelo Espírito do Cristo ressuscitado, eles saem, uma verdadeira comunidade em saída, levando a boa nova para todos os povos. Nada os impedia de prosseguir, mesmo diante de uma série de dificuldades, próprias do início da missão. Além, é claro, de todas as perseguições, prisões e martírios que se seguiram. Eles nada temeram, porque o Espírito do Senhor os acompanhava, os encorajava, e criava neles um entusiasmo e uma grande alegria na missão.
Hoje também, a festa da Ascensão do Senhor, nos convida a sermos os discípulos do Mestre, prontos para sair, para ir ao encontro dos fracos, dos doentes, dos sofredores, dos pecadores e de todos aqueles que precisam de uma palavra de alento e de conforto. Ser cristão, ser seguidor do Mestre, é colocar-se a caminho, uma igreja em saúda, como muito bem nos convoca o papa Francisco. Sair, deixar a comodidade da nossa casa, e colocar-se pronto para ser um apóstolo do amor e da misericórdia. Nada poderá nos deter, nos acomodar, nos tranquilizar e nos aquietar. Há um mundo de pessoas precisando de uma mão amiga, de uma ajuda solidária. Neste momento, especialmente no Rio Grande do Sul, há tantas pessoas que perderam tudo, e, precisam da solidariedade de todo povo. Ser cristão, ser seguidor de Jesus, é se dispor a ajudar, principalmente materialmente, a tantas pessoas que estão desprovidas de tudo. Como é edificante ver tantos voluntários, dando seu tempo, mesmo que em meio a perigos. Assumir a Jesus, anunciar a sua boa nova, é ser instrumento do seu amor, é se dispor a ser solidário, seja material, emocional ou espiritualmente, a quem mais precisa.