Jesus era um grande contador de histórias, tendo sempre como objetivo ajudar as pessoas a compreenderem a boa nova do Reino de Deus. Ele era um bom observador, partindo sempre de fatos concretos do cotidiano, para abrir as mentes e os corações dos que o seguiam. A sua preocupação maior era com as pessoas mais simples, a fim de que elas pudessem entender a sua mensagem. Usava exemplos do dia a dia, por vezes em forma de parábolas, outras, através de fatos concretos por ele observados. Todos ficavam fascinados com os seus ensinamentos, pois, falava com autoridade, guiado por um coração cheio de amor, ternura, compaixão e muita misericórdia. A história contada por ele do fariseu e do publicano, realça essa verdade. Tentemos compreender!

Dois homens subiram ao Templo para rezar, um era fariseu e o outro era publicano. Jesus ficou observando o modo que cada um deles rezava. O fariseu se vangloriava da sua vida, da sua honestidade, da sua forma correta de conduzir a vida, do cumprimento rigoroso de todos os preceitos, sobretudo, no pagamento do dízimo. Ele se auto elogiava, simplesmente não vendo nenhum defeito em sua pessoa.

Sua atitude diante de Deus era de orgulho, de arrogância, beirando a perfeição. E mais, diante do publicano, ele apontava o dedo, se vangloriando porque não era como ele. E o publicano, rezava prostrado por terra, batendo no peito, reconhecendo a sua fraqueza e pedindo a Deus, de modo sincero, o perdão dos seus pecados. Jesus, diante das atitudes dos dois, afirmou que o publicano voltou para casa justificado, mas o fariseu, não.

É importante compreendermos quem eram esses dois sujeitos dessa narrativa. O fariseu, fiel seguidor das leis, se sentia ‘separado’ dos demais, e, realmente levava a vida a sério. O publicano cobrava impostos do povo, levando muitos deles à beira da pobreza e da miséria. O fariseu dizia que dificilmente um publicano iria se salvar e mais, se existia inferno, com certeza ele estava lá. O fariseu não era um homem mau, enquanto que o publicava exalava maldade, cobrando impostos de modo abusivo dos mais fracos. Então porque Jesus toma partido do publicano e, de certo modo, despreza o fariseu?

O fariseu em nenhum momento reconheceu a bondade, a graça de Deus, como se tudo fosse mérito puramente seu. Sua atitude era de exaltação, de vanglória, de soberba, humilhando e rebaixando o publicano diante de Deus. Esse foi o grande mal desse homem, que se julgava superior, perfeito e salvo, a ponto de sentir-se no direito de julgar e condenar o seu próximo. O publicano era realmente uma pessoa odiada pelo povo e aproveitador, mas, a sua oração foi de reconhecimento e de abertura para uma possível mudança. E esse seu jeito de ser, agradou profundamente a Jesus, que o elogiou, afirmando que quem se exalta será humilhado e que se humilha será exaltado.

Diante desse quadro, somos convidados a refletir o nosso modo de rezar. Diante de Deus, somos chamados a irmos de mãos vazios, porque tudo é Dele e nós somos apenas seus instrumentos aqui na terra. Somos interpelados a bater no peito e reconhecer a nossa pequenez, os nossos limites e colocarmo-nos na dinâmica de conversão contínua. A nos humilharmos diante da grandiosidade do Pai, pois só assim seremos exaltados por Ele, porque tudo em nossa vida é graça e dom de Deus.

Edição n.º 1488.