Um grupo de pais procurou a reportagem do Jornal O Popular ao longo das últimas semanas, para reclamar de uma empresa que estaria ofertando um curso de “jovem bombeiro” na cidade, mas não estaria cumprindo o que foi acertado em contrato.
Segundo eles, a grade curricular do curso oferece várias atividades ao ar livre, como tirolesa e rapel, banho de lama, entre outras, o que na prática, não acontece.
Para piorar a situação, os pais comentam que o curso tem um custo e a empresa gestora estaria fazendo cobranças antecipadas, no intuito de se precaver contra um possível atraso nos pagamentos dos boletos. “Dias antes de vencer o boleto eles já começam a mandar mensagens sem parar, é um verdadeiro incômodo e muito constrangedor você ser cobrada por algo que nem sequer está sendo cumprido”, reclamou uma mãe, que não quis se identificar.
Outra mãe, que também preferiu ficar no anonimato, comentou que durante a reunião de apresentação do curso, que geralmente acontece no salão de um hotel, a empresa mostra vídeos onde crianças realizam aulas ao ar livre, na mata, se sujam na lama, brincam de rapel e tirolesa e se divertem com uma série de atividades desafiadoras. “Na realidade, nada disso acontece, as aulas acontecem em uma quadra esportiva, eles ficam apenas na falação, organizam uma gincana e nada mais, e os pais ficam em reunião enquanto aguardam os filhos. Diante disso, as crianças saem totalmente desestimuladas e frustradas porque não viram nada semelhante aos vídeos. Muitas até choram, e nós, os pais, ficamos com o sentimento de que fomos enganados”, denunciou.
Outra mãe relatou que já na primeira aula, um professor faz a seguinte pergunta aos pais: “O que seus filhos disseram para vocês a semana toda? Que queriam ver a cobra, fazer rapel e todas essas coisas, não é mesmo? Pois bem, nós mentimos para eles, não vamos ter isso aqui hoje! Afinal, não podemos fazer isso com essa estrutura. Mas não se preocupem, eles vão conhecer tudo durante o projeto!”. A mãe afirma estar revoltada, porque acredita ter caído num golpe. “Fica aqui um alerta para os pais que ainda não levaram seus filhos!”, diz ela.
A reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com o Corpo de Bombeiros da cidade para saber se o curso “jovem bombeiro” teria algum respaldo da corporação. A resposta foi a seguinte: “Pelo CBMPR em Araucária não existe qualquer iniciativa própria ou apoiada, bem como desconhecemos qualquer prática”.
Também procurado pela nossa reportagem, o Procon Araucária informou que já recebeu uma denúncia com relação ao curso de “jovem bombeiro”. Recebemos via Instagram o relato de uma mãe e o vídeo do filho dela chorando porque as aulas não foram do jeito que tinham lhe prometido. Então abrimos uma denúncia, mas ainda estamos colhendo mais informações sobre o curso para verificar se existem indícios de golpe, e só assim aplicar uma ação mais efetiva”, disse o órgão.
Conforme relataram alguns pais, a empresa responsável estaria visitando escolas do município para fazer a apresentação do curso. Sobre esse assunto, procuramos a Secretaria Municipal de Educação – SMED, que informou não ter autorizado nenhuma divulgação a esse respeito. “A realização desse curso na cidade não tem respaldo da SMED, porém vamos averiguar se envolveu alguma escola nossa”, informou a secretaria.
O Jornal O Popular também entrou em contato com a empresa que oferece o curso de “jovem bombeiro”, através dos telefones divulgados na propaganda que foi enviada aos pais. Mandamos mensagens via WhatsApp e também tentamos contato via ligação telefônica, porém não obtivemos retorno até o fechamento desta edição.
Edição n.º 1405