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Professor Rafael de Jesus A vida sem indústria é culpa parte 2 de 2
Arquivo O Popular do Paraná.

O primeiro argumento dos defensores da hibernação da Fafen-PR sempre foi de que a mesma não dava lucros, pois bem, vamos aos dados concretos.

O anúncio da hibernação da Fafen-PR aconteceu em 2019, fechada em 2020, quando era responsável por 30% da produção de ureia e amônia e de 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32 – aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas) consumidos pelo mercado brasileiro. Acontece que em 2021 o Brasil gastou 90% mais na importação de adubos e fertilizantes químicos do que em 2020, totalizando 15,2 bilhões de dólares,dinheiro que saiu das mãos dos nossos trabalhadores, comerciantes industriais, agricultores e investidores para enriquecer os oligarcas russos e argelinos. E como se não bastasse, pagamos em média 56% a mais por tonelada de fertilizante em 2021, do que em 2020. Culpa é pouco!

É curioso perceber que o anúncio da hibernação veio justamente no centenário de uma das maiores descobertas da história humana. Foi em 1919 quando o químico alemão Fritz Haber, que um ano antes havia sido laureado com o Nobel de Química, finalmente descobriu como fixar nitrogênio para produzir fertilizantes artificiais, como o produzido pela Fafen-PR. É ainda mais fascinante saber que essa impor tante descoberta salvou a vida de mais de 2 bilhões de seres humanos, sim, mais de um quarto da humanidade estaria extinta por inanição se não fossem os fertilizantes artificiais, produzidos por trabalhadores como aqueles que atuaram na Fafen-PR e que certamente voltarão à ativa para o bem da humanidade.

Agora imaginemos por um instante se a poderosa indústria química alemã, nos séculos XIX e XX, tivesse o mesmo raciocínio daqueles que decidiram pela hibernação da Fafen-PR justamente no centenário da descoberta de Fritz. Com certeza a Alemanha não seria hoje o pais mais industrializado e com o maior PIB do rico continente europeu. Certamente a terra de Fritz não teria hoje 26 prêmios Nobel de Química.

Acontece que o desenvolvimento industrial de um determinado Estado depende de um forte senso de compromisso para além das questões ideológicas. É preciso resiliência frente as adversidades. Todos sabemos que a Fafen-PR antes de ser reativada precisa passar por um forte processo de modernização. Muito melhor isso do que depender da boa vontade dos oligarcas russos, que nos digam os alemães.

Outra questão fundamental à industrialização de um Estado é o inegociável compromisso com a verdade. O suposto “perfil deficitário” da Fafen-PR só foi possível por conta da adoção do Preço de Paridade de Importação, o famoso PPI, precificando o insumo, um resíduo, como se importado fosse e consequentemente inviabilizando o negócio. Culpa é pouco!

Como bem lembrou Gerson Castellano, petroquímico e diretor de relações interna- cionais da Federação Única dos Petroleiros “Comer é algo que independe de crenças. Quando falamos de agricultura, estamos falando de uma questão de segurança nacional. A questão alimentar extrapola ideologias”.

Felizmente 0 25 de maio por ser tanto o Dia da Indústria como o Dia do Trabalhador Rural não nos deixa esquecer como as duas comemorações estão umbilicalmente interligadas, como indústria e agricultura são hoje em dia totalmente interdependentes.

Edição n.º 1366.

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