O retinoblastoma é um tumor ocular que acomete crianças entre 0 e 5 anos. Até pouco tempo atrás muita gente nem sabia que essa doença existia, porém, a mídia deu destaque após Daiana Garbin e Tiago Leifert anunciarem que a filhinha Lua havia sido diagnosticada com retinoblastoma. O casal também lançou a campanha “De olho nos olhinhos”, que teve sua segunda edição nos dias 16 e 17 de setembro, no intuito de conscientizar a população e promover o diagnóstico precoce e a saúde ocular na infância.
O oftalmologista Leonardo Tostes Poli, um dos médicos especialistas da Clínica São Vicente, diz que o retinoblastoma é um tipo de câncer ocular raro que se desenvolve na retina, localizado na parte de trás do olho. É mais comum em crianças pequenas, geralmente com idade inferior a 5 anos, podendo ocorrer devido a uma mutação genética ou sem uma causa conhecida. “Entre 60% e 75% dos casos são esporádicos, isto é, uma célula sofre mutação e passa a se multiplicar descontroladamente. Essa forma de retinoblastoma geralmente aparece em crianças com mais de 1 ano de idade. Os demais casos são hereditários e a criança tem uma mutação num gene supressor de tumor chamado RB1, que está presente em todas as células de seu corpo. Geralmente, essa mutação é herdada de um dos pais, embora possa ser também uma mutação nova que comece com o paciente, que vai transmiti-la aos descendentes. Nesses casos, o retinoblastoma se desenvolve no bebê, antes de 1 ano de idade”, ilustra.
Apesar de normalmente aparecer na infância, até os 5 anos de idade, existem relatos de casos aos 10 e 21 anos de idade. “É preciso ficar atento aos sintomas, entre eles o reflexo branco no olho. Também conhecido como leucocoria, é o reflexo branco na pupila ao tirar uma fotografia. Também podem ocorrer mudança na visão e dor nos olhos”, complementa.
O oftalmologista reforça a importância do diagnóstico precoce, ele pode ser feito através de exames oftalmológicos como mapeamento de retina, retinografia e ecografia ocular. “O diagnóstico tardio diminui muito as chances de cura, já o diagnóstico e tratamento precoces tem chances de sucesso acima de 95% dos casos”, diz.
Cegueira
Os casos de cegueira provocadas por retinoblastoma são raros, mas dependendo do tamanho do tumor e se o diagnóstico não for realizado de maneira precoce, isso pode ocorrer. Com o crescimento do tumor, ele compromete a retina e partes mais sensíveis do globo ocular como a mácula. Nestes casos, a cegueira pode ser irreversível.
Em outros casos, quando o tumor já compromete a visão e não há chance de realizar outro tratamento, os médicos podem optar pela cirurgia para retirada do olho e colocação de um implante orbital. Nestes casos, pode haver perda total da visão.
Tratamento
O tratamento do retinoblastoma depende do estadiamento da doença, que é o processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. “Existem casos de diagnóstico bem precoce em que a laserterapia é suficiente e o paciente preserva o olho e a visão. E existem casos mais avançados em que é necessária a enucleação (retirada do globo ocular). Já atendi dois casos de câncer ocular em crianças, mas felizmente são raros”, salienta o médico.
Edição n.º 1381