A pandemia da Covid-19 trouxe desafios para a educação brasileira e colocou em pé de guerra aqueles que defendem a retomada do ensino presencial e aqueles que são contra. O Jornal O Popular conversou com alguns pais de alunos de escolas públicas e privadas e constatou a divergência de opiniões. A dentista e coach Sandra Garmus da Costa Martins, que tem dois filhos na escola Adventista de Araucária, um bebê de 8 meses e uma garotinha de 6 anos, disse que é totalmente a favor do retorno às aulas no modelo híbrido. “Vejo que a falta de socialização prejudica absurdamente as crianças, afeta sua vida sistêmica, com fatores como a má alimentação, ansiedade, solidão, falta de convívio com outras crianças, falta de atividades físicas, sem falar no aprendizado, que acaba sendo menor da forma online. A criança poderia ter uma visão ampla de ganhos, caso estivesse na sala de aula. Como dentista, também percebo que os cuidados com a biossegurança sempre foram grandes, no intuito de evitar doenças sem cura, por exemplo a hepatite B, e agora sabemos que o vírus é mais uma doença que veio para ficar. É por isso que a consciência com os cuidados que sempre passamos para nossos filhos dentro de casa, agora temos que orientá-los a agir da mesma forma na escola, assim dará tudo certo”, observou Sandra.
Adriane Wykrota Nunes também tem dois filhos estudando na Escola Adventista, um jovem de 15 anos e uma menina de 4 anos e é a favor do ensino híbrido. Conforme a mãe, o índice de contaminação da Covid 19 em crianças e adolescentes até 16 anos é pequena. “Acredito que seguindo as regras de distanciamento e higiene é possível voltar sim. O Brasil é um dos únicos países que manteve as escolas fechadas por tanto tempo. Também podemos cuidar de nossas crianças de outras formas, como uma boa alimentação, focada em aumentar a imunidade e solicitar ao pediatra complemento de vitaminas. Meus filhos estão prontos para a volta e ansiosos em rever os amigos. Também não podemos esquecer que o afastamento escolar pode causar depressão e outros transtornos comportamentais. Sem falar que essa geração ficará com o ensino prejudicado. E cito mais: quantas crianças estão sem uma alimentação decente por não estarem na escola, ou sofrendo abusos e maus tratos? A escola é extremamente importante nesse monitoramento”, pontuou a mãe.
Com duas filhas matriculadas no Colégio COC, a empresária Meri Ruvinski elogiou o retorno das aulas (o colégio já retomou suas atividades no dia 18). Ela acredita que é mais importante a criança estar na escola do que aglomerada em parques, mercados e outros locais, e ainda sem máscara. “Depois de quase um ano estudando em casa, elas retornaram para a escola, felizes e ansiosas, mesmo que dessa vez a volta tenha sido bem diferente, com muitas regras, tendo que usar máscara, com tubos de álcool em gel na mochila, sem beijos e abraços nos colegas. Mas elas retornaram cientes de que são cuidados necessários para mantê-las saudáveis. Parabéns ao COC por todas as medidas de segurança que adotaram e que estão sendo cumpridas com muito êxito”, disse.
Ao contrário da Sandra, da Adriane e da Meri, a mãe Odete Alves de Souza Silva, que tem um filho de 14 anos no primeiro ano no ensino médio do Colégio Agalvira, não é favorável ao retorno. “Não vai dar certo, e acho que deveriam esperar mais uns três meses, pra ver como ficará a questão das vacinas. Se der certo, o retorno será mais seguro. Mesmo porque, pra quem ficou um ano sem aulas presenciais, não custa ficar mais uns três meses”, argumenta.
A Joice Ramos da Silva, mãe de um garotinho de 7 anos, que estuda na Escola Municipal Aleixo Grebos, se diz favorável ao retorno das aulas. “Acho que os alunos não aprendem nada nas aulas remotas. No caso do meu filho, que fez a 2ª série no sistema remoto, as atividades vinham nas folhas. Ele até respondia, mas aprendeu muito pouco durante todo o ano”, observou.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1245 – 21/01/2021