O pinhão já é quase um alimento de preferência nacional. Todos os anos, os consumidores, principalmente os da região Sul, aguardam ansiosos pela liberação da sua colheita e início das vendas. Este ano, porém, a liberação aconteceu no dia 1º, mas por conta da baixa oferta, o preço do quilo está, digamos assim, um pouco salgado. Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAG), em abril a média do valor do quilo praticado pela Ceasa foi de R$15,00, mas para felicidade dos apaixonados pelo alimento, em maio o preço caiu para R$6,50 e já era possível encontrar pinhão no comércio em torno de R$9,00 a R$10,00 o quilo.
Considerando que a semente possui ampla aceitação e visando aumentar a produção no Município para os próximos anos, a SMAG está elaborando um projeto, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural – IDR Paraná, que permitirá ao produtor uma produção de pinhão antecipada. “Já estamos fazendo a cotação de mudas enxertadas do pinheiro Araucária, são de exemplares que já floresceram com apenas 4 anos após o plantio, e em até 9 anos já é possível a colheita do pinhão”, explica a engenheira agrônoma Cristiane Maria Ronkoski.
Segundo ela, será uma ótima oportunidade econômica, já que a espécie permite ótimos rendimentos se plantada como frutífera na produção dos pinhões. “Essa técnica de propagação oferece garantia de genética de fêmeas campeãs em produtividade. Quanto à precocidade, na natureza, sem enxertia, uma Araucária só inicia a produção depois de 10 anos de plantio. Com o novo método de enxertia se produz pinhão em até 8 anos após o plantio, e há estudos que obtiveram resposta com apenas 5 anos de plantio. Nesse ritmo, é possível ter plantas selecionadas e enxertadas que poderão, aos 15 anos de idade, produzir cerca de 100 kg de pinhões por árvore/ano, quando a média nessa idade não passa de 20kg”, exemplifica Cristiane.
A SMAG pretende iniciar o projeto com 10 agricultores, fornecendo 20 mudas de Araucária enxertadas para cada um. Já para 2024 a proposta é dobrar o número de produtores e de mudas. “Nesse momento estamos fazendo cotações para a compra das mudas, provavelmente em cerca de um mês o projeto estará em andamento”, declara.
Sobre o pinhão
O Instituto Água e Terra (IAT) liberou a colheita, venda, transporte e armazenamento de pinhão no Paraná a partir de 1° de abril. As normas e instruções de comercialização do pinhão são estabelecidas na Portaria IAP nº 046/2015 e têm como objetivo conciliar a geração de renda e proteger a reprodução da araucária, ameaçada de extinção. Quando o pinhão cai ao chão, é uma oportunidade para animais, como a cutia, ajudarem a semear o fruto em outros lugares, garantindo a reprodução da araucária. O objetivo é promover a maturação das pinhas e a reprodução da araucária, que é considerada uma espécie em extinção no estado.
As pinhas imaturas apresentam casca esbranquiçada e alto teor de umidade, o que favorece a presença de fungos, podendo o alimento se tornar até tóxico para o consumo humano. Se ingerido, pode prejudicar a saúde com problemas como a má digestão, náuseas e episódios de constipação intestinal. Também não é permitida a venda de pinhões trazidos de outros estados.
A safra começa em abril e normalmente se estende até junho. Lembrando que no começo da safra não há uma quantidade expressiva de pinhão no mercado, o mês ideal para encontrar o alimento no mercado é o mês de maio. “Importante complementar que há um projeto de lei em tramitação em Araucária para que seja instituída no Município a Semana do Pinhão, incentivando ainda mais a produção local da semente”, complementa Cristiane.
Edição n. 1364