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Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

Num primeiro momento, a festa da Ascensão de Jesus ao céu parece mais uma despedida triste e melancólica de quem foi embora para não mais voltar. A impressão é que ele voltou para a casa do Pai e deixou os apóstolos todos órfãos. Mas, na verdade, a realidade é muito diferente. Ele promete a eles que lhes enviará o seu espírito, que será o Defensor, frente todas as adversidades que virão ao longo da evangelização. E pede a eles que sejam suas testemunhas até os confins da terra. Eles o observam subindo para o alto, e, voltam então para Jerusalém, cheios de alegria, anunciando o evangelho nas sinagogas. Longe de ser motivo de tristeza, a partida de Jesus é motivo de alegria, porque a partir daquele momento, foi-lhes confiado o anúncio do evangelho a todos os povos. E foi isso que os encheu de alegria, na certeza de que não estariam nunca sozinhos, mas, o Espírito de Jesus, o Espírito Santo estaria com eles em todos os momentos de suas vidas, animando, ensinando e recordando tudo o que ele nos deixou, através de palavras, gestos e ações.
Com a subida de Jesus ao céu, e a vinda do seu espírito, a sua presença se espalha pelo mundo inteiro. Ele não está mais presente fisicamente, como esteve quando passou aqui na terra. Quando andava em nosso meio, ele estava num lugar específico, a partir de agora, ele nos garante que estará presente ‘onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome’, cobrindo-os com o seu Espírito, que anima e aponta o caminho. A festa da ascensão não é então motivo de tristeza, de dor, de sofrimento, mas, de alegria, porque Jesus confiou aos apóstolos o compromisso com a missão. E eles foram, cheios de entusiasmo, testemunhando o nome de Jesus em todos os lugares. Nada os impedia de anunciar o evangelho, nem calúnias, nem críticas, nem perseguições, nem torturas, nem prisões, porque tudo o que faziam, era em nome de Jesus, em prol da construção do seu Reino.
Essa missão, no início confiada aos apóstolos, hoje se remete a cada cristão batizado, chamado a ser sal da terra e luz do mundo. Somos chamados a sermos testemunhas de Jesus, através da nossa vida, do nosso jeito de ser, de nossas palavras e de nossas atitudes. Só pode ser testemunha quem fez a experiência de Jesus, através de um encontro com a sua pessoa e o seu evangelho. Sermos apaixonados por Jesus significa sentir a sua presença dentro de nós, que nos move, nos guia e nos orienta. Quando alguém está cheio do amor de Jesus, é, como dizia São Paulo, um outro Cristo, e isso se reflete no seu testemunho de vida. Para o apóstolo, ‘viver era Cristo, o resto era lixo’, ou, mais ainda, ‘já não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim’. Pessoas convertidas de coração a Jesus, buscam na sua pessoa e no seu evangelho, um modelo de seguimento para suas vidas.
Diz o Papa Paulo VI, ‘a boa nova há de ser proclamada, antes de tudo pelo testemunho. O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres. Se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas. É preciso continuar a difundir as mensagens de esperança e de fé, com entusiasmo missionário’. O convite é para cada um de nós, batizado, a ser no mundo, testemunha do amor de Jesus, seja na família, no trabalho, na comunidade e na sociedade em geral.

Testemunhas de Jesus até os confins da Terra

Publicado na edição 1313 – 26/05/2022

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