Agosto é intitulado o mês do voluntariado, mas pouca gente sabe disso. Nas comunidades, os voluntários são aquelas pessoas que abrem seus corações e estendem as mãos para ajudar os que mais necessitam. Seja na organização de mutirões para revitalizar praças, parques e casas, na distribuição de alimentos e cestas básicas para famílias em vulnerabilidade ou na organização de campanhas de conscientização.

O trabalho voluntário supre as necessidades que, muitas vezes, órgãos públicos ou entidades privadas não conseguem alcançar. Em Araucária, os voluntários estão presentes na maioria das comunidades, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos moradores. Nessa reportagem, vamos conhecer alguns desses personagens, que fazem a diferença nos seus bairros.

A analista de Qualidade Christiane Siqueira Bento trabalha como voluntária há mais de 30 anos. Ao ingressar na Valmet, em 2013, essa vocação se fortaleceu ainda mais. Seu envolvimento em iniciativas sociais dentro da empresa tornou-se contínuo e estruturado, culminando na criação do grupo Social do ‘Forward Tiimi’. Desde então, ela tem sido uma peça fundamental na organização de diversas campanhas, como revitalização de escolas e ações solidárias que impactam diretamente a comunidade. “Somos mais de 60 voluntários na empresa e, sempre que possível, fazemos campanhas internas em prol das comunidades de Araucária e região”, relata.

Christiane conta que já atuou nas ruas de Curitiba, orfanatos, organizações de eventos de Páscoa e Natal das crianças dos CMEIs e ONGs de Araucária, entre elas o CMEI Tereza de Benguela, CMEI Maria de Lourdes da Silva Chagas, Instituto Schnorr, comunidades Favorita, Arco-Íris
e Israelense, CMAEE, Boutique Social de Araucária, além de ações em conjunto com o Consulado da Finlândia, Rotary e ONG Sucesu.

“Ser voluntário para mim é entender que a necessidade do outro pode ser prioridade e que meu tempo pode fazer muita diferença na vida das pessoas. Desde a primeira campanha que participei, ainda adolescente, vi que o pequeno gesto, por mais simples que tenha sido, como entregar um prato de sopa nas ruas geladas de Curitiba, foi a única refeição que aquela pessoa teve no dia. E o agradecimento foi tão sincero que senti que podia fazer mais”, ressalta.

Christiane diz ainda que as campanhas que realiza nos orfanatos são as mais difíceis. “O olhar das crianças corta o coração, porque sinto que elas precisam muito mais que doações, elas precisam de carinho e pessoas que as cuidem e as amem. Em uma dessas ações, me chamou muita atenção a cartinha de Natal de uma das crianças, a qual dizia que o sonho dela era comer Nutella. Não pensei duas vezes, além do presente, fiz questão de comprar alguns potes de Nutella”, conta emocionada.

Para realizar os trabalhos voluntários, Christiane conta com o apoio de sua família, que sempre colabora, diretamente ou indiretamente. “Independentemente da campanha, saiba que esse pequeno gesto, por menor que possa parecer, será o único gesto de atenção e dedicação que alguém irá receber na vida”, incentiva.

Jeferson Neves, de 34 anos, é educador físico há 9 anos e instrutor de move dance há mais tempo do que isso. Ele encontrou uma forma de aliar sua profissão a uma importante causa social. Jeff, como é mais conhecido, organiza aulões beneficentes, com arrecadações que são revertidas às pessoas em situação de vulnerabilidade. “Sempre gostei de fazer ação social. Costumo organizar o aulão do Outubro Rosa, e uma vez pedi que cada aluna levasse um lenço para doar às mulheres em tratamento contra o câncer. Organizar esses eventos é muito gratificante, pois mobilizamos pessoas do bem, que abraçam várias causas junto comigo. Essa foi a maneira que encontrei de ajudar o próximo com tão pouco, mas que se torna muito para quem precisa”, afirma.

Voluntários ajudam a mudar a realidade em muitas comunidades
Foto: Divulgação. Um ‘aulão rosa’ organizado pelo professor Jeff.

Ele também mobiliza suas alunas em aulões solidários que arrecadam alimentos, agasalhos no inverno, entre outros. “Nunca fiquei sozinho em nenhum aulão, minhas alunas sempre abraçam a causa e, graças a Deus, com muita honestidade e humildade posso dizer que é sempre um sucesso. Sem falar que amo ver a alegria de cada um que participa de uma forma amorosa e alegre. E faço questão de deixar claro que meus aulões não têm nenhum envolvimento político, eu mesmo corro atrás de tudo, o que recebo é bastante apoio, principalmente da academia onde sou professor, a Estação Fit, que sempre embarca comigo nas ações sociais”, declara.

A dona de casa Maria Tereza Lopes, 53 anos, é voluntária há 3 anos. Ela trabalha na Ação Solidária Adventista, desenvolvida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia e atua acompanhando famílias em situação de vulnerabilidade, oferecendo recursos como alimentos, roupas e outros itens essenciais, sempre mediante cadastro e avaliação. É um trabalho voltado ao cuidado com o próximo e à promoção da dignidade.

“Decidi me tornar voluntária por entender que o nosso mestre Jesus nos deu o exemplo de amar e nos preocupar com o próximo.

Essa decisão veio do meu entendimento do exemplo deixado por Jesus. Ele nos ensinou com suas atitudes, a amar e a cuidar uns dos outros. Seguindo esse modelo, encontrei no voluntariado uma forma de viver esse ensinamento na prática”, declara.

Para a voluntária, não existe maior satisfação do que colaborar para diminuir a dor do próximo. “Saber que estou fazendo a diferença na vida de alguém traz uma alegria imensa ao coração. Ao estudar a Palavra de Deus, especialmente textos como João 13:35 e Gálatas 6:9, percebi que me preocupar com o próximo vai além da ajuda material. Também levo o amor de Deus às pessoas, oferecendo não só alimentos, mas também um abraço, uma palavra amiga, uma oração. Isso me traz paz e me mostra que estou no caminho certo, atendendo ao chamado de Cristo”, diz a voluntária.

Maria Tereza afirma que cada vez que vê a alegria e a gratidão no olhar das pessoas atendidas é marcante. “Mas o que mais me toca são as expressões de agradecimento das crianças, ver o sorriso delas não tem preço”.

Ela não está sozinha no voluntariado, o esposo trabalha junto. Além disso, sempre que pede ajuda em nome da instituição, parentes e amigos contribuem de alguma forma. “Cada um, direta ou indiretamente, acaba participando desse projeto e do conselho de Jesus, que é o amor ao próximo. Convido você, que tem o desejo no coração de ajudar através do voluntariado, a conhecer esse trabalho tão lindo. Doe recursos, doe tempo, doe amor. Se esse é o seu desejo, procure uma Igreja Adventista e conheça o trabalho da ASA. Ajudar transforma vidas, principalmente a nossa”, assegura.

Loreci Guimarães tem 36 anos, trabalha em casa de família, e há muito tempo é voluntária na igreja. Há 4 meses ela vem atuando no Programa Leite das Crianças (PLC), que faz a distribuição gratuita de leite para famílias cadastradas pelo CRAS. “Minhas principais responsabilidades incluem a organização da entrega, a retirada e entrega da lista, assinaturas e o atendimento direto às pessoas que participam do programa. Tento sempre garantir que o atendimento seja feito com respeito, empatia e eficiência”, garante.

Voluntários ajudam a mudar a realidade em muitas comunidades
Foto: Divulgação. Loreci durante a entrega do Programa do Leite das Crianças.

Para Loreci, o trabalho voluntário tem sido uma oportunidade valiosa de exercer a solidariedade na prática. Mostra que são os pequenos gestos que fazem grande diferença na vida das pessoas. “Me sinto grata por contribuir com uma causa tão essencial e por fazer parte de uma rede de cuidado e apoio à comunidade. O voluntariado é uma forma de contribuir ativamente para a sociedade e de me conectar com diferentes realidades. Acredito que, além de beneficiar quem é ajudado ele também transforma quem participa, sinto que com o passar do tempo envolvida nas ações voluntárias estou cada vez mais aprendendo e crescendo como pessoa. E se você está pensando em se tornar voluntário, saiba que essa é uma das decisões mais valiosas que você pode tomar – tanto para quem você vai ajudar quanto para você mesmo. Ser voluntário não exige que você tenha todas as respostas, apenas que tenha a vontade de fazer a diferença, porque cada gesto conta, por menor que pareça. O impacto é real e a troca é poderosa. Você doa tempo, mas recebe em aprendizado, empatia e propósito. Dê o primeiro passo. O mundo precisa de pessoas dispostas a cuidarem umas das outras, e você pode ser uma delas”, aconselha.

Edição n.º 1478.