O recente caso de estupro ocorrido em um prédio localizado no centro de Araucária, onde o suspeito aproveitou o descuido de uma moradora de um dos apartamentos, que deixou a porta aberta, para invadir e cometer o crime, acendeu o alerta com relação à eficiência dos sistemas de segurança utilizados em prédios e condomínios residenciais. Apesar de serem considerados mais seguros do que casas, os apartamentos também podem ser alvos de furtos e invasões, principalmente quando não há medidas preventivas adequadas.

A Economi Administradora de Condomínios de Araucária, diz que é dever do morador manter portas sempre trancadas, mesmo quando estiver em casa; e não deixar chaves em locais visíveis (tapetes, vasos, soleiras). Para manter a segurança dos moradores em prédios e condomínios, a empresa sugere o controle de acesso, com portaria presencial ou remota bem treinada; cadastro e identificação de visitantes e prestadores de serviço; liberação de entrada somente com autorização do morador; e controle para recebimento de encomendas e entregas.

“A estrutura física e tecnológica também é essencial. Prédios e condomínios devem possuir câmeras de vigilância (CFTV) em áreas estratégicas, como portões, garagens, halls, elevadores; Iluminação adequada em entradas, garagens, corredores e áreas comuns; portões automáticos de fechamento rápido e bem mantidos; alarmes, cercas elétricas e sistemas de monitoramento (quando permitido pela legislação)”, enumera Elaine Lopes, proprietária da Economi.

A empreendedora lembra da importância de existirem regras e procedimentos internos, a exemplo de normas claras de segurança em regulamento interno; treinamento dos funcionários sobre atendimento, emergências e protocolos de segurança; rotinas de manutenção preventiva de portões, interfones, câmeras e extintores; e planos de emergência para incêndios, vazamentos de gás e situações de risco.

“Muito importante lembrar que apesar de todas essas medidas de segurança, deve haver conscientização do morador, por exemplo, de não abrir portões ou portas a estranhos; conferir a identidade de prestadores de serviço antes de liberar entrada; não emprestar chaves, tags de acesso ou controles de garagem; e sempre comunicar imediatamente à administração ou portaria, qualquer movimentação suspeita”, aconselha.

A Economi reforça que grupos de comunicação oficiais do condomínio (WhatsApp, aplicativos de gestão) também são maneiras de promover a segurança entre os moradores, assim como a realização de assembleias para discutir medidas de segurança e a possibilidade de contratação de rondas externas em regiões de maior risco. “Hoje o sistema de controle de acesso mais utilizado nas portarias é a biometria/reconhecimento facial + portaria remota + aplicativo de gestão, o que garante maior segurança e menos falhas humanas. Também permite o controle total de acessos (quem entrou, quando e por qual porta/portão). Outro benefício é a redução de custos a longo prazo”, explica.

PORTARIA PRESENCIAL OU REMOTA?

Na Portaria Presencial (Convencional) um porteiro fica no condomínio (24h ou em turnos), e faz o controle de entrada/saída de moradores, visitantes, prestadores de serviço e encomendas. Entre as vantagens estão o atendimento humano imediato; menor resistência cultural (moradores já estão acostumados). É um sistema bom para condomínios pequenos, onde o contato direto é valorizado. Porém, existem as desvantagens, como custo alto (salário, encargos, adicionais noturnos, férias, 13º etc); sujeito a falhas humanas (distração, liberar acesso sem checar); e risco de coação física (porteiro rendido por criminosos).

Na Portaria Remota (Virtual) não há porteiro físico no prédio. Todo acesso é monitorado por uma central externa 24h, através do uso de câmeras, interfone IP, biometria, tags ou reconhecimento facial. A central libera entradas após validar o visitante/morador. Entre as vantagens estão a redução de custos (pode gerar até 40–60% de economia); monitoramento 24h sem interrupção; menor risco de rendição, já que não há porteiro físico no local; relatórios digitais de acessos, mais rastreabilidade. A desvantagem é que esse sistema requer uma ótima infraestrutura tecnológica (câmeras, internet estável, gerador/nobreak); existe a dependência da central — em caso de falha técnica, pode gerar transtornos; e a adaptação inicial dos moradores pode ser difícil.

SEGURANÇA NO USO DO INTERFONE

A administradora de condomínios salienta a importância de os moradores utilizarem o interfone com segurança. Por exemplo: confirmar a identidade do visitante antes de liberar a entrada; nunca abrir o portão apenas porque alguém disse que ‘é amigo ou familiar’; sempre perguntar nome completo, motivo da visita e quem está recebendo; combinar previamente visitas e serviços; avisar a portaria quando espera visitas, prestadores ou entregas.

“Para entregadores, prefira receber na portaria ou área destinada. Desconfie de pressa ou pressão. Criminosos podem tentar convencer com frases como ‘é rapidinho’ ou ‘sou da empresa X’. Não ceda à pressão para liberar acesso sem checagem. Nunca autorize a entrada de desconhecidos por ‘boa vontade’. Mesmo que seja alguém pedindo informações, socorro ou para ‘apenas usar o banheiro’, oriente-os a procurar o zelador ou o síndico. Mantenha regras claras para familiares e funcionários. Ensine também filhos, idosos e empregados domésticos a não liberarem acesso sem checar. Tenha atenção redobrada em situações de manutenção – se alguém disser que veio fazer reparos (gás, energia, internet), confirme com a portaria e a empresa antes de liberar. Em caso de dúvida: NEGUE o acesso. É melhor um visitante esperar alguns minutos para confirmação do que colocar o condomínio em risco”, orienta Elaine.

SEGURANÇA COLETIVA

Conhecer quem são seus vizinhos também pode ampliar a rede de segurança em prédios e condomínios. Isso porque vizinhos que se conhecem, tendem a se proteger mais. Também fica mais fácil identificar movimentações estranhas, pessoas desconhecidas e até possíveis tentativas de invasão.

“No apoio em emergências, como incêndios, vazamentos de gás, acidentes domésticos ou problemas de saúde, os vizinhos podem ser os primeiros a ajudar. A proximidade ainda cria empatia e diálogo. Assim, barulhos, uso das áreas comuns e outras situações são resolvidas com mais respeito e menos atrito. Vizinhos podem trocar favores simples, como receber uma encomenda, cuidar de plantas ou até auxiliar em pequenos reparos”, observa a empreendedora.

Ainda de acordo com ela, a convivência saudável torna o prédio/condomínio um lugar mais harmonioso, reduzindo o estresse e aumentando a sensação de pertencimento. “Moradores unidos têm mais força para cobrar melhorias para o condomínio, decidir sobre investimentos e organizar atividades coletivas”, sugere.

Edição n.º 1480.