Após dias e dias despejando poluição nos céus de Araucária e região, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) foi autuada por fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA).

Os técnicos da Secretaria estiveram na sede da refinaria na última segunda-feira, 20 de outubro, oportunidade em que autuaram a empresa na pessoa de seu gerente de Meio Ambiente. No entendimento dos fiscais ambientais do Município a Petrobras pode ter infringido o artigo 70 da lei federal nº 9605/98, que prevê os crimes contra o meio ambiente.

O motivo da autuação foi o aparente excesso de partículas de poluição jogadas no ar desde 13 de outubro. Neste dia, aconteceu a partida de uma unidade de craqueamento catalítico da Repar, que ficou em manutenção por algum tempo. Na ocasião, a direção da empresa chegou a emitir um comunicado de poucas linhas avisando apenas que por conta da operação a altura da chama nas tochas da refinaria poderiam ficar mais altas.

O que se viu, no entanto, foram dias e dias de fogo intenso saindo das tochas e uma fumaça extremamente negra cobrindo os céus de Araucária. As imagens trouxeram medo aos araucarienses que, mesmo acostumados com episódios parecidos, não conseguiam entender porque desta vez o fenômeno durou tanto tempo.

Preocupou ain­da mais o fato de – nesse período todo – a Petrobras não ter emitido um único comunicado extra que fosse sobre o que estava acontecendo em sua planta.

Segundo o apurado por nossa reportagem, a unidade que estava em manutenção é a responsável pela produção de GLP, gasolina, diesel e óleo combustível. Também conforme o explicado por profissionais que trabalham na empresa essa chama alta é fruto da queima dos produtos que passam pelas tubulações da unidade enquanto o processo de partida acontece. “Esses produtos não são aproveitados e precisam ser queimados. Do ponto de vista de segurança, a chama alta é um bom sinal. Porém, do ponto de vista ambiental, estamos falando de algo mais delicado”, comentou uma fonte sob a condição de anonimato.

O auto de infração lavrado pela Secretaria de Meio Ambiente determinou ainda que a Petrobras apresente seus relatórios de monitoramento de emissões atmosféricas dos últimos 15 dias, compreendendo os sete dias que antecederam 13 de outubro e os sete subsequentes. É com base nessas informações que será apurado eventual dano causado pela Repar ao meio ambiente.

O Popular chegou a fazer uma pesquisa no site do Instituto Água e Terra (IAT), que disponibiliza os relatórios das estações automáticas de qualidade do ar em nossa cidade. Os números levam em conta algumas estações espalhadas pelo Município. Uma delas, inclusive, está nas dependências da Repar.

Conforme esse relatório, desde que a Repar deu partida na unidade que estava em manutenção, a qualidade do ar piorou em pelo menos dois dias, sendo que em outros dois os números constam como “não disponíveis” em quase todo o período monitorado.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras em busca de um posicionamento da empresa sobre o caso. Porém, até o fechamento desta reportagem, eles ainda não haviam se manifestado.

Edição n.º 1488.