Entre tantas coisas que nos ensinou o Mestre Jesus Cristo, encontramos a oração universal do Pai Nosso. É a oração mais conhecida e rezada no mundo inteiro. Mais do que uma oração, ele contém um projeto de vida que deveria ser vivido por todos os seguidores de Jesus. Infelizmente, tantas vezes rezamos o Pai Nosso de modo automático, sem nos atermos naquilo que ele realmente quer nos ensinar. Você já parou alguma vez para refletir naquilo que ele tem a nos dizer? Você já refletiu profundamente o que contem na primeira e na segunda parte desta oração?

Na primeira parte Jesus nos ensina a nos dirigirmos a Deus como Pai Nosso. Ou seja, ele é Pai de todos nós e, naturalmente, todos nós somos irmãos, porque somos filhos do mesmo Pai. Na medida em que o acolhemos como nosso Pai, santificamos o seu nome através da nossa vida, dos nossos atos e dos nossos gestos. Pedimos então que venha a nós o seu Reino, um reino de amor, de paz, de justiça, de partilha, onde todos vivam como irmãos. E imploramos que seja feita a sua vontade e não a nossa. Se pararmos para analisar mais profundamente, vamos perceber que tantas vezes nós não sabemos rezar abertos à ação de Deus em nossas vidas.

Nessa primeira parte do Pai Nosso, percebemos a ação de Deus em nossa vida como imperativa e fundamental. No entanto, tantas vezes queremos ou até obrigamos a Deus a fazer a nossa vontade, os nossos desejos. E, pior, existem tantos pregadores que pressionam Deus, ordenam Deus, como se Ele pudesse ser manipulável. Fazer a vontade de Deus, é abrir o coração para que se faça em nós aquilo que for do seu agrado. Grande exemplo nos deu Nossa Senhora, quando chamada por Deus para ser a mãe do Salvador, assim respondeu: ‘eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim de acordo com a vontade de Deus’. Belo exemplo de vida, modelo para todos nós.

Na segunda parte, compreendemos que amar a Deus, fazer a sua vontade, construir o seu Reino, significa colocar-se a serviço dos irmãos. O próprio Jesus vai afirmar que quem ama a Deus e odeia o próximo, é um mentiroso. Quem ama a Deus, sai de si mesmo, do seu egoísmo, do seu individualismo, e, se coloca numa atitude de abertura ao outro. Primeiro grande desejo de Deus a nosso respeito, é a nossa capacidade de partilhar o pão. O pão nosso de cada dia, onde todos tenham vida digna, tenham o suficiente para viver com dignidade. É um grito contra todo tipo de acúmulo, de ganância, de pensar somente em si mesmo. Essa parte é um apelo para que a humanidade aprenda a partilhar, e, que haja menos desigualdade entre os povos.

E, por fim, Jesus nos convida a perdoar as ofensas causadas pelos outros, assim como Deus sempre nos perdoa. Todas as outras orações até podem ser rezadas com um coração amargurado, ressentido, magoado, com desejo de vingança, mas, o Pai Nosso, não. Quem está cheio de ódio no seu coração, que planeja a maldade, como conclui a oração dizendo ‘livrai-nos do mal’, deveria rever suas atitudes. Somente um coração que perdoa, é capaz de compreender o grande amor e a misericórdia de Deus para com a humanidade. O perdão liberta, cura, nos faz pessoas livres. Onde reina o perdão, reina o amor de Deus, reina a fraternidade e a semente do Reino de Deus no meio de nós.

Edição n.º 1475.