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É possível furar a fila de espera por um transplante?

Essa foi a pergunta que repercutiu na mídia logo após o apresentador Faustão ter realizado o transplante, isso porque ele entrou na fila no dia 20/08 e no dia 27/08 já recebeu um novo coração.

Faustão era o 2 na lista nacional do SUS e segundo justificou o próprio Ministério da Saúde, a gravidade do seu quadro o colocou nessa posição, não havendo a menor possibilidade de ele ter “furado a fila”. Explicações à parte, o fato é que a polêmica não cessou e muitos seguem questionando a confiabilidade do cadastro do Sistema Nacional de Transplantes.

O médico Emerson Albertasse, diretor técnico da Clínica São Vicente, foi convidado pela reportagem do Jornal O Popular para falar sobre o assunto. Ele disse que infelizmente o brasileiro é muito cético em relação aos serviços públicos e a primeira reação das pessoas ao se depararem com notícias extraordinárias é associar isso a possíveis desvios de conduta. “É totalmente compreensível, dado o histórico passado e mesmo atual de nossos agentes públicos, com escândalos de corrupção a todo o momento, associados à sensação de impunidade. Porém, quero aqui expressar minha opinião: não tenho como afirmar que o processo foi totalmente limpo, mas pela minha experiência de já ter trabalhado em alguns dos principais serviços que realizam esses procedimentos, a reação foi encarar esse episódio com naturalidade, algo passível de ter ocorrido de forma honesta”, comentou.

Albertasse lembrou que no Brasil é categoricamente proibida a comercialização de órgãos e a fila é única e centralizada para transplantes, sendo assim, acredita-se que haja um grande número de pessoas a vigiando, o tempo todo. “Ricos ou pobres, esclarecidos ou não, com ou sem influência política, quando o assunto é transplante de órgãos, todos estão no mesmo barco. Mas temos que estar cientes que é um modelo que tende a ser mais fiscalizado, aliado a isso, pessoas sérias e competentes precisam estar à frente desse processo. Lembrando também que a fila é dinâmica, a posição das pessoas não é fixa e não é ditada apenas pelo tempo na fila. Fatores como idade, tipo de órgão, gravidade, estágio da doença e, principalmente, compatibilidade são influenciadores nessa fila, logo as pessoas mudam de posição e são reclassificadas a todo o momento. O que deve ter sido determinante no caso do apresentador Faustão”, concluiu.

Edição n.º 1378

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